05/5 – Dia Nacional da Pessoa com Visão Monocular
Visão monocular, de acordo com a Classificação Internacional de Doenças (CID), refere-se à perda total ou parcial da visão em um dos olhos, mantendo-se uma visão funcional no outro olho.
O Dia Nacional da Pessoa com Visão Monocular foi instituído no Brasil pela Lei nº 14.622/2023. A data escolhida, 5 de maio, marca o dia em que, em 2009, foi publicada a Súmula 377 do Superior Tribunal de Justiça (STJ), cuja decisão garantiu àqueles com visão monocular o direito de concorrer, em concurso público, às vagas reservadas a pessoas com deficiência, pois os indivíduos acometidos por visão monocular apresentam limitações médicas, psicossociais, educacionais e profissionais.
A campanha anual pretende ensejar a realização de debates e campanhas de alerta para conscientizar a população sobre o tema e, com isso, evitar a discriminação e permitir a participação dos monoculares na vida em sociedade com pleno exercício da cidadania. É, também, um marco importante para promover políticas de inclusão mais efetivas.
Pessoas com visão monocular são aquelas que não possuem visão em um dos olhos, o que, consequentemente, leva à perda da percepção binocular de profundidade e a um campo visual reduzido. Segundo a literatura médica, a visão monocular, em comparação com os resultados binoculares, revela uma diminuição de aproximadamente 25% no tamanho do campo de visão.
Outra consequência da visão monocular é a perda da capacidade de perceber profundidade e distância entre objetos, através da combinação das imagens que cada olho recebe. Este processo ocorre porque cada olho recebe informações visuais diferentes, que são então processadas pelo cérebro para criar uma imagem tridimensional.
Causas da Visão Monocular
As causas podem ser diversas e classificam-se em dois grupos principais: congênitas e adquiridas. As causas congênitas estão relacionadas a anormalidades no desenvolvimento do olho ou do nervo óptico que ocorrem durante a gestação ou logo após o nascimento. Incluem malformações do olho, problemas na formação do nervo óptico, ou condições genéticas que afetam a visão.
Por outro lado, as causas adquiridas ocorrem posteriormente na vida e são frequentemente resultado de eventos traumáticos ou condições médicas. Entre elas, destacam-se:
– Traumas físicos: Acidentes que resultam em danos ao olho ou ao nervo óptico podem levar à visão monocular. Por exemplo, acidentes de carro, quedas ou impactos diretos no olho.
– Glaucoma: O aumento da pressão intraocular pode causar danos ao nervo óptico, afetando a visão de maneira irreversível, se não tratada a tempo.
Complicações cirúrgicas: Cirurgias oculares, como as realizadas para corrigir descolamento de retina ou catarata, podem, em raros casos, resultar em visão monocular se ocorrerem complicações.
Infecções oculares: Condições como a uveíte, que é uma inflamação na úvea (a camada média do olho), podem afetar a visão se não forem tratadas adequadamente.
Doenças sistêmicas: Diabetes e hipertensão são doenças que, quando não controladas, podem afetar a saúde dos olhos e levar à visão monocular.
Tumores oculares: O crescimento anormal de células no olho ou em suas proximidades pode pressionar o nervo óptico e afetar a visão.
Degeneração macular: Mais comum em idosos, essa condição afeta a parte central da retina, comprometendo a visão detalhada e podendo levar à visão monocular.
Toxidade por medicamentos: Alguns medicamentos, quando usados em excesso ou por um longo período, podem ter efeitos colaterais que afetam a visão.
Entre os sintomas mais comuns da visão monocular, podem ser listados:
– Cegueira parcial;
– Falta de clareza visual;
– Diminuição da acuidade visual;
– Dores de cabeça constantes.
Tarefas que demandam uma boa visão periférica, como dirigir, atravessar ruas, subir escadas ou praticar esportes, são mais difíceis para pessoas com essa condição visual, bem como atividades que requeiram foco de perto, como costurar ou fazer a barba, são especialmente desafiadoras.
Tratamento:
Embora não haja “cura” para a visão monocular, várias estratégias de adaptação podem ser empregadas. Uso de tecnologias assistivas, como lentes especiais e aplicativos de smartphones, pode ajudar na navegação do ambiente. Além disso, treinamento e terapia visual podem ser úteis para melhorar as habilidades de adaptação.
Consultas com profissionais especializados em baixa visão também são extremamente valiosas. Esses profissionais podem fornecer orientações específicas e personalizadas, ajudando na seleção de dispositivos que tragam melhoria na qualidade de vida do indivíduo.
O apoio psicológico é outra vertente importante no tratamento. Enfrentar a visão monocular pode ser emocionalmente desafiador. Por isso, psicoterapia e grupos de apoio oferecem um espaço seguro para compartilhar experiências e estratégias de enfrentamento, contribuindo para o bem-estar emocional da pessoa.
É importante ressaltar que o diagnóstico e o tratamento precoces são fundamentais para prevenir a progressão da visão monocular, independentemente da causa. Portanto, consultas regulares ao oftalmologista são essenciais para manter a saúde ocular em dia.
Fontes:
Associação Médica Brasileira (AMB)
JUSBrasil: Borges Ribeiro Advocacia Previdenciária (Artigo publicado em 24/10/2023)
Sociedade Brasileira de Visão Subnormal. Parecer técnico – Visão Monocular
Tribunal Regional do Trabalho da 5ª Região (Bahia)