06/6 – Dia Nacional de Luta Contra Queimaduras 2025
Celebrado em 6 de junho, anualmente, o Dia Nacional de Luta Contra Queimaduras foi instituído pela Lei nº 12.026/2009 com o objetivo de alertar a população e as autoridades sobre os riscos de acidentes com queimaduras e os traumas que eles podem causar.
No Brasil, este mês é reconhecido como “Junho Laranja” – uma campanha que ocorre durante o período das festas juninas – quando é costume realizar fogueiras e usar fogos de artifícios, atividades propícias a provocar acidentes com queimaduras.
Em 2025, a Sociedade Brasileira de Queimaduras escolheu o slogan: “ Violência contra as Mulheres: marcas no corpo, feridas na alma”, definindo como tema os casos de violência contra a mulher em que são utilizados métodos que provocam queimaduras.
Apesar de as notificações oficiais ainda serem praticamente inexistentes, é sabido que este tipo de agressão tem aumentado.
Segundo uma pesquisa realizada pela enfermeira Isabella Luiz Resende, publicada em 2021 e que contou com a orientação da vice-presidente da SBQ, a enfermeira doutora Raquel Pan, notícias publicadas entre os anos de 2018 e 2019 apontaram a Região Sudeste como a que mais teve casos de violência contra a mulher que resultaram em queimaduras, um total de 47,17%.
Em 33,9% das notícias que relataram a região corporal atingida, o rosto foi a área mais afetada (72,2%), seguida do tórax (50%).
Dados do Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (DATASUS), no período de março de 2021 a março de 2022, mostram que houve cerca de 2.300 internações hospitalares em crianças de 0 a 14 anos, por contato com água ou outros líquidos ferventes, sendo o maior grupo de risco o de crianças entre 1 e 4 anos de idade.
Queimadura é toda lesão causada por agentes externos sobre o revestimento do corpo, podendo destruir desde a pele até tecidos mais profundos, como ossos e órgãos.
Os principais agentes causadores de queimaduras são líquidos superaquecidos, combustível, chama direta, superfície superaquecida, eletricidade, agentes químicos, agentes radioativos, radiação solar, frio, atrito, fogos de artifícios ou, ainda, contato com animais ou plantas (como larvas, água-viva, urtiga).
Nas crianças, o tipo mais frequente é a queimadura por escaldamento, ou seja, aquela em que há a presença de líquidos quentes em contato com o corpo da criança. Ocorrem geralmente em ambiente doméstico.
As queimaduras podem ser classificadas de acordo com a sua profundidade e tamanho, sendo geralmente mensuradas pelo percentual da superfície corporal acometida.
- Primeiro grau: quando há apenas acometimento superficial da pele, observando-se vermelhidão, inchaço e dor local suportável, sem a formação de bolhas no local queimado;
- Segundo grau: atinge as camadas mais profundas da pele. Apresenta bolhas, pele avermelhada, manchada ou com coloração variável, dor, inchaço, desprendimento de camadas da pele e possível estado de choque;
- Terceiro grau: atinge todas as camadas da pele, chegando aos tecidos profundos, como músculos, tendões e ossos. Pode provocar pouca ou nenhuma dor e pele branca ou carbonizada.
Quanto à extensão, as queimaduras se classificam em:
– Leves (ou “pequeno queimado”): atingem menos de 10% da superfície corporal;
– Médias (ou “médio queimado”): atingem de 10% a 20% da superfície corporal;
– Graves (ou “grande queimado”): atingem mais de 20% da área corporal.
Primeiros socorros:
Diante de acidente em que a vítima tenha sofrido queimadura, é importante colocar a parte queimada debaixo da água corrente fria, com jato suave, por aproximadamente dez minutos.
Compressas úmidas e frias também são indicadas. Se houver poeira ou insetos no local, mantenha a queimadura coberta com pano limpo e úmido.
No caso de queimaduras em grandes extensões do corpo, por substâncias químicas ou eletricidade, a vítima necessita de cuidados médicos urgentes.
As queimaduras de mãos, pés, face, períneo, pescoço e olhos, quaisquer que sejam a profundidade e a extensão, necessitam de tratamento hospitalar. A gravidade da queimadura será determinada pela profundidade, extensão e região afetada.
Recomendações importantes:
– não tocar a queimadura com as mãos;
– não furar bolhas;
– não tentar descolar tecidos grudados na pele queimada;
– não retirar corpos estranhos ou graxa do local queimado;
– não colocar manteiga, pó de café, creme dental ou qualquer outra substância divulgada entre as crendices populares sobre a queimadura – somente o médico sabe o que deve ser aplicado sobre o local afetado.
Prevenção:
- dentro de casa, evitar fumar, principalmente deitado;
- em queimaduras elétricas, retirar o fio da tomada ou desligar a energia geral;
- não manipular álcool próximo a objetos inflamáveis;
- não utilizar álcool líquido diretamente sobre o fogo;
- investigar com frequência a existência de vazamentos de gás;
- manter crianças longe da cozinha durante o preparo dos alimentos e sempre direcionar o cabo das panelas para a área do fogão;
- testar a água do banho com o dorso da mão antes de molhar a criança;
- manter objetos aquecidos longe do alcance de crianças;
- manter produtos de limpeza fora do alcance das crianças;
- usar protetor em todas as tomadas elétricas da casa;
- manter cabos e alças de panelas de cozinha em bom estado;
- ao acender um fósforo, manter o palito longe do rosto (o fogo pode atingir cabelos ou sobrancelhas);
- ao acender uma vela, observar se está longe de produtos inflamáveis, como botijões de gás, solventes ou tecidos;
- não manipular álcool, querosene, gasolina ou outros líquidos inflamáveis perto do fogo. Esses produtos devem ser guardados longe do alcance de crianças;
- em festas juninas, dar preferência a fogueiras pequenas, que só devem ser acesas longe de matas, depósitos de papel, produtos inflamáveis ou ventanias;
- deixar travessas longe das bordas de pias, balcões e mesas;
- não utilizar toalhas de mesa compridas, que possam ser puxadas pelas crianças;
- não queimar lixo;
- lareiras, lampiões, lamparinas, fogueiras e velas devem ser usados em ambientes com ventilação e devem sempre serem apagados antes de se deitar ou de sair;
- não fazer “gambiarras” elétricas;
- manter o ferro de passar longe do alcance das crianças;
- orientar e ensinar crianças sobre o perigo de brincar próximo à rede elétrica, principalmente com pipas.
Fontes:
Agência Câmara de Notícias
Corpo de Bombeiros Militar do Distrito Federal
Núcleo de Telessaúde de Sergipe
Sociedade Brasileira de Queimaduras (SBQ)
Sociedade de Pediatria de São Paulo