12/6 – Dia Nacional de Conscientização da Cardiopatia Congênita
Cardiopatias congênitas são anormalidades da estrutura ou da função do coração, que ocorrem durante o desenvolvimento do bebê, estando presentes no nascimento, mesmo que seu diagnóstico ocorra mais tarde.
Fatores ambientais, genéticos, uso de medicamentos e drogas, doenças maternas como o diabetes, lúpus e infecções como a rubéola e a sífilis estão relacionadas com o problema, pois podem interferir no momento da formação do coração do feto, que ocorre nas primeiras oito semanas de gravidez.
Essa condição está entre as malformações que mais matam na infância e ainda permanecem como a terceira causa de óbito no período neonatal (28 dias após o parto). A cada mil bebês, 10 nascem com algum tipo de cardiopatia congênita. Por ano, segundo o Ministério da Saúde, cerca de 30 mil crianças nascem com o problema no Brasil e aproximadamente 40% vão necessitar de cirurgia ainda no primeiro ano, o que representa 12 mil pacientes.
Classificadas em leves, moderadas e graves, as ocorrências podem ter desenvolvimentos distintos. No caso das leves, é possível uma evolução que resulte na resolução do quadro, como ocorre na comunicação interventricular (CIV), a cardiopatia mais frequente no mundo.
Os casos se apresentam no período fetal e, em até 80% das vezes, essa comunicação indevida tende a ser “fechada” naturalmente ainda na gestação ou até os dois anos de idade.
Sintomas:
Em bebês, os sintomas mais comuns de cardiopatia congênita são:
– Falta de ar;
– Cansaço;
– Ponta dos dedos e lábios azulados;
– Dedos em forma de baqueta de tambor;
– Modificações no formato do tórax;
– Respiração acelerada enquanto descansa;
– Sudorese e cansaço durante as mamadas;
– Dificuldade em ganhar peso;
– Irritação frequente e choro sem consolo.
Em crianças:
– Cansaço excessivo durante a prática de atividades físicas e dificuldade de acompanhar o ritmo de outras crianças;
– Crescimento e ganho de peso de forma não adequada;
– Infecções pulmonares repetitivas, lábios roxos e pele mais pálida quando brinca muito;
– Coração com ritmo acelerado;
– Desmaio.
Tratamento:
O tratamento clínico da cardiopatia congênita é feito conforme o quadro apresentado pela criança. Alguns tipos não necessitam de tratamento, uma vez que podem apresentar cura espontânea, como costuma acontecer com o canal arterial persistente no bebê prematuro e a maioria das comunicações interventriculares.
Já as cardiopatias que evoluem de forma mais grave geralmente apresentam a opção de tratamento cirúrgico, algumas vezes realizado já no período neonatal, outras vezes no lactente ou criança maior, conforme a necessidade.
Os cardiologistas são unânimes em afirmar que o ideal é corrigir o defeito estrutural. Segundo eles, de acordo com o caso, o bebê pode passar por uma intervenção ainda no útero, ser submetido à cirurgia imediatamente após nascer ou aguardar meses ou anos para realizar o procedimento.
Fatores de risco:
Um dos fatores de risco para o desenvolvimento da cardiopatia congênita é a herança genética. Pais e mães portadores de cardiopatias congênitas apresentam uma chance duas vezes maior de gerar um bebê cardiopata.
Prevenção:
Não há formas de prevenir a doença, porém, algumas mudanças comportamentais podem ajudar para o bom desenvolvimento do bebê.
Antes de engravidar, a mulher deve procurar um médico para verificar como está seu estado de saúde e iniciar a ingestão diária de uma vitamina chamada “ácido fólico”, pois sua deficiência pode ser um fator desencadeante de malformações cardíacas e do sistema nervoso central do feto.
Além do acompanhamento médico, a grávida deve adotar uma alimentação saudável, abolir o fumo, as bebidas alcoólicas e o consumo de medicamentos sem o conhecimento do profissional que acompanha o pré-natal, inclusive para receber a prescrição do ácido fólico.
De acordo com os especialistas, ocorreram grandes avanços nas últimas três décadas e ainda haverá mais com a incorporação de novas tecnologias no tratamento e no aprimoramento dos serviços de alta complexidade em cardiologia e cirurgia pediátrica e neonatal. “Houve aumento expressivo do número de cardiologistas pediátricos e ecocardiografistas fetais e pediátricos em todo país. A implementação do teste do coraçãozinho como ferramenta de triagem de cardiopatia crítica reduziu o número de recém-nascidos que recebiam alta das maternidades sem que se detectasse, em tempo adequado, a cardiopatia”, enfatizam os membros do Departamento Científico de Cardiologia da Sociedade Brasileira de Pediatria.
O exame de oximetria de pulso, mais conhecido como Teste do Coraçãozinho, foi incorporado como parte da triagem neonatal em todo o Sistema Único de Saúde (SUS). O exame é capaz de detectar precocemente ocorrências graves e diminuir o percentual de recém-nascidos que recebem alta sem o diagnóstico de problemas que podem levar ao óbito ainda no primeiro mês de vida.
O exame deve ser realizado em todos os recém-nascidos com mais de 34 semanas de idade gestacional. Além disso, é importante que seja feito entre 24 e 48 horas após o parto. Isso porque no primeiro dia de vida algumas alterações no organismo do bebê podem atrapalhar o resultado. Após as primeiras 24 horas e até o segundo dia de vida, o risco de erro diminui de forma significativa e é considerado seguro para o diagnóstico de casos críticos.
O Dia Nacional de Conscientização da Cardiopatia Congênita é uma data comemorativa em saúde que visa a educar a todos sobre esse problema, seus sinais e sintomas na infância, de forma a aumentar a conscientização pública por meio de programas e campanhas, bem como incentivar doações para apoiar pesquisas e instituições que atuam no cuidado à criança cardiopata.
Fontes:
Associação Beneficente Síria: Hospital do Coração (SP)
Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (EBSERH)
Ministério da Saúde
Sociedade Brasileira de Pediatria
Sociedade Brasileira de Ultrassonografia