20/02 – Dia Nacional de Combate às Drogas e ao Alcoolismo


 

Celebrado em 20 de fevereiro, anualmente, o Dia Nacional de Combate às Drogas e ao Alcoolismo tem como principais objetivos orientar a população sobre os danos que o consumo de substâncias como álcool e outras drogas podem causar ao organismo, bem como para promover a conscientização sobre os perigos associados a essas práticas.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) classifica a dependência de drogas, sejam elas lícitas ou ilícitas, como uma doença. Trata-se de um problema de saúde pública que afeta pessoas em todo o mundo. O uso de substâncias como álcool, cigarro, crack e cocaína atravessa fronteiras culturais, sociais, econômicas e políticas, constituindo-se em um desafio que acomete cerca de 5% da população mundial, entre 15 e 64 anos de idade.

As drogas e o álcool oferecem prazer e satisfação imediata, porém, em contrapartida, ocasionam dependência física, psicológica e síndrome de abstinência que são de difícil abordagem.

Entre as substâncias em destaque, o alcoolismo apresenta-se como uma doença crônica com efeitos devastadores. Caracterizado pelo consumo compulsivo de álcool, no qual o usuário se torna progressivamente tolerante à intoxicação produzida pela droga e desenvolve sinais de abstinência quando é retirada.

O alcoolismo figura como uma das principais causas de mortalidade, contribuindo para mais de 3 milhões de mortes anuais, além de representar uma causa significativa de incapacidade, especialmente entre indivíduos na faixa etária de 20 a 39 anos.

Considerando-se que o cérebro jovem se encontra em processo de maturação neurológica, até por volta dos 20 anos de idade, e que toda injúria sofrida neste período pode ser determinante para uma série de prejuízos, como dificuldades para aprendizagem, para ajustamento social e profissional, aumento da vulnerabilidade para problemas de saúde mental, além de maior chance de uso prejudicial de drogas, compreende-se a importância de medidas preventivas, com especial atenção à essa faixa etária.

Os efeitos adversos do consumo excessivo de álcool extrapolam os limites físicos, abarcando uma série de transtornos mentais e comportamentais, bem como perdas sociais e econômicas significativas tanto para os indivíduos quanto para a sociedade em geral.

Outra substância em evidência é o tabaco, sendo o tabagismo considerado uma epidemia mundial, associado a mais de 8 milhões de mortes anuais – a nicotina contribui para o desenvolvimento de mais de 50 doenças, incluindo as cardiovasculares, respiratórias e neoplasias, como o câncer de pulmão, entre outras. Além disso, o consumo de tabaco tem relação com o surgimento de uma série de outras enfermidades como tuberculose, úlcera gastrointestinal, impotência sexual e infertilidade.

Diante desse cenário que extrapola as questões individuais e se constitui como um grave problema de saúde pública, com reflexos nos diversos segmentos da sociedade, como serviços de segurança pública, educação, saúde, sistema de justiça, assistência social, dentre outros, bem como os espaços familiares e sociais que são repetidamente afetados, direta ou indiretamente, pelos reflexos e pelas consequências do uso das drogas, é crucial reforçar a importância da prevenção, do tratamento e do apoio aos indivíduos que lutam contra o vício em álcool e outras substâncias.

Uma abordagem holística, que considere não apenas os aspectos clínicos do tratamento, mas também os aspectos sociais, emocionais e ambientais que influenciam o comportamento humano e as escolhas relacionadas ao seu consumo.

 

De acordo com a Política Nacional sobre Drogas, instituída em 2019 pelo Decreto nº 9761: “Independentemente das questões de gênero, idade, espaço geográfico ou classe social, ainda que essas especificidades tenham implicações distintas, o uso de drogas se expandiu consideravelmente nos últimos anos e exige reiteradas ações concretas do Poder Público, por meio da elaboração de estratégias efetivas para dar respostas neste contexto. Tais ações necessitam ser realizadas de forma articulada e cooperada, envolvendo o governo e a sociedade civil, alcançando as esferas de prevenção, tratamento, acolhimento, recuperação, apoio e mútua ajuda, reinserção social, ações de combate ao tráfico e ao crime organizado, e ampliação da segurança pública”.

Quanto à prevenção, o referido Decreto traz como orientação geral:

“A efetiva prevenção ao uso de tabaco e seus derivados, de álcool e de outras drogas é fruto do comprometimento, da cooperação e da parceria entre os diferentes segmentos da sociedade brasileira e dos órgãos da administração pública federal, estadual, distrital e municipal, fundamentada na filosofia da responsabilidade compartilhada, com a construção de redes que visem à melhoria das condições de vida e promoção geral da saúde da população, da promoção de habilidades sociais e para a vida, o fortalecimento de vínculos interpessoais, a promoção dos fatores de proteção ao uso do tabaco e de seus derivados, do álcool e de outras drogas e da conscientização e proteção dos fatores de risco”.

E, ainda, “Cabe ao Poder Público incentivar e fomentar estudos, pesquisas e avaliações das políticas públicas e a formação de profissionais que atuam na área”.

Diversos projetos e iniciativas buscam regulamentar a publicidade de bebidas alcoólicas e promover campanhas educativas sobre o assunto em escolas e comunidades, visando à promoção de uma cultura de saúde e bem-estar que desencoraje o consumo prejudicial de substâncias.

 

Tratamento:

No âmbito da saúde, o Sistema Único de Saúde (SUS) conta com a Rede de Atenção Psicossocial (RAPS), constituída por um conjunto integrado e articulado de diferentes pontos de atenção para atender pessoas em sofrimento psíquico e com necessidades decorrentes do uso prejudicial de álcool e outras drogas.

São diretrizes da RAPS: Respeito aos direitos humanos, garantindo a autonomia e a liberdade das pessoas, equidade, combate ao estigma, acesso de qualidade, cuidado integral, humanização e estratégias de Redução de Danos são valores essenciais na prestação de serviços de saúde mental. O atendimento se dá por meio das Unidades Básicas de Saúde (UBS), dos Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) e dos Centros de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas III (CAPS AD), que contam com equipes multiprofissionais capacitadas para oferecer suporte e assistência adequados.

O Instituto Nacional de Câncer é o órgão do Ministério da Saúde responsável pelo Programa Nacional de Controle do Tabagismo (PNCT) e pela articulação da rede de tratamento do tabagismo no SUS.

 

A celebração do Dia Nacional do Combate às Drogas e ao Alcoolismo é uma oportunidade de incentivar as pessoas a repensar suas escolhas, além de inspirar a busca por melhores hábitos de vida com reflexo direto sobre a saúde. A campanha torna-se fundamental para estimular a reflexão sobre o papel das drogas no cotidiano da sociedade e para o fato de que as medidas de prevenção são essenciais e devem ser planejadas e direcionadas para o desenvolvimento humano, o incentivo à educação, à prática de esportes, à cultura, ao lazer e a socialização do conhecimento sobre o assunto, mediante fundamentação científica.

Ultrapassar o obstáculo do vício em álcool e outras substâncias é uma das etapas para a construção de uma sociedade mais saudável, justa e solidária para todos.

 

Fontes:

Associação Brasileira de Estomaterapia (SOBEST)
Ministério da Saúde
Núcleo de Telessaúde de Sergipe
VARGAS, A. de F. M.; CAMPOS, M. M. A trajetória das políticas de saúde mental e de álcool e outras drogas no século XX. Ciência & Saúde Coletiva, v. 24, n. 3, p. 1041–1050, mar. 2019

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