22/9 – Dia Nacional da Saúde de Adolescentes e Jovens


 

A adolescência é um período de importantes transformações biológicas e mentais, articuladas ao redimensionamento de papéis sociais, como mudanças na relação com a família e escolha de projeto de vida, deve ser valorizado, constituindo-se em fase de muita vulnerabilidade e exposição a fatores de risco.

É uma etapa evolutiva da vida caracterizada pelo desenvolvimento biopsicossocial e delimitada pela faixa etária entre 10 e 19 anos. Inicia-se com a puberdade e termina com a inserção social, profissional e econômica do indivíduo.

O enfoque dado a esses fatores é relevante, uma vez que se constata, com preocupação, o aumento do número de gravidez na adolescência, do consumo de drogas lícitas e ilícitas e de casos de DSTs/AIDS, associados a significativo número de óbitos relacionados às causas externas, destacando-se os acidentes de trânsito, a violência e o suicídio.

De acordo com a Organização Pan-americana da Saúde (OPAS), adolescentes e jovens desempenham um papel importante na sociedade e representam 30% da população da América Latina e do Caribe.

Os adolescentes são vistos como um subconjunto saudável da população e, por conseguinte, suas necessidades de saúde são geralmente negligenciadas.  No entanto, fortalecer o desenvolvimento da saúde dos jovens permite que eles ingressem na vida adulta com mais habilidades para servir suas comunidades de forma produtiva, estimulando o crescimento econômico. Além disso, muitos hábitos prejudiciais são adquiridos cedo na vida, e se tornam sérios problemas de saúde na idade adulta.

Por isso, é fundamental educar os adolescentes e ajudá-los a serem mais resistentes para que possam evitar problemas de saúde, como as doenças crônicas não transmissíveis – DCNT (por exemplo, câncer de pulmão causado pelo consumo de tabaco). Ao adotar uma estratégia proativa para promover o envelhecimento saudável, pode-se evitar um ônus financeiro adicional para os sistemas de saúde.

Verifica-se que as principais causas de morbimortalidade dos adolescentes estão diretamente relacionadas a problemas que podem ser prevenidos em nível primário. Deve-se, portanto, buscar estratégias que atendam às necessidades dessa população, que melhorem a qualidade da assistência prestada e reduzam o número de óbitos e agravos preveníveis.

 

No Brasil, a Lei nº 8069/1990, conhecida como ‘Estatuto da Criança e do Adolescente’, dispõe sobre a proteção integral à criança e ao adolescente estabelecendo em seu artigo 4º “É dever da família, da comunidade, da sociedade em geral e do poder público assegurar, com absoluta prioridade, a efetivação dos direitos referentes à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária.”

Em 1988, o Ministério da Saúde criou o Programa de Saúde do Adolescente (PROSAD), que elegeu como áreas prioritárias de atuação o crescimento e o desenvolvimento, a sexualidade, a saúde bucal, a saúde mental, a saúde reprodutiva, a saúde do escolar adolescente e a prevenção de acidentes, fundamentadas nos princípios da integralidade, multidisciplinaridade e intersetorialidade, associada a uma política de promoção da saúde, desenvolvimento de práticas educativas, identificação de grupos de risco, detecção precoce dos agravos, tratamento e reabilitação.

Mesmo assim, ainda são encontradas grandes dificuldades para a atenção primária, destacando-se que a atenção integral, a adequação dos serviços de saúde, a criação de vínculos e o fortalecimento da relação com a família e a comunidade e a inserção dos adolescentes nas atividades realizadas são elementos essenciais para a melhoria da qualidade da assistência.

Atualmente, novos “sintomas” na fronteira entre os problemas de vida e as patologias – como aquelas trazidas pela violência em geral, pela exploração sexual, pelas síndromes de confinamento, a gravidez na adolescência, dentre outras, que atingem sobremaneira as pessoas jovens – desafiam o arsenal diagnóstico-terapêutico da biomedicina e a maneira de trabalhar com a ortodoxia da medicina, demandando investigação e inovação nos cuidados em saúde tanto na atenção básica quanto na média e alta complexidade.

Isso demonstra que a necessidade da existência de serviços de saúde organizados tem sido um dos grandes desafios para o alcance de melhores condições de saúde e vida para os adolescentes e jovens brasileiros.

As políticas públicas elaboradas pelo Ministério da Saúde para organizar a atenção integral a adolescentes e jovens contemplam os seguintes eixos: promoção da saúde e prevenção de agravos; ações de assistência e reabilitação da saúde e educação permanente.

Linhas de ação:

– acompanhamento do crescimento e do desenvolvimento físico e psicossocial;
– saúde sexual e reprodutiva;
– saúde bucal;
– saúde mental;
– prevenção ao uso de álcool e outras drogas;
– prevenção e controle de agravos;
– educação em saúde;
– direitos humanos, a promoção da cultura de paz e a prevenção de violências e assistência às vítimas.

Serviços disponíveis nas unidades de saúde para adolescentes e jovens:

– ser atendido mesmo se estiver desacompanhado dos pais ou responsáveis;
– receber orientações sobre cuidados à saúde e saúde bucal;
– receber orientações sobre saúde sexual e reprodutiva;
– realizar testes rápidos que identificam infecções sexualmente transmissíveis (IST’s), Aids, etc.;
– receber tratamento de IST’s, Aids, etc.;
– receber todas as vacinas que necessita em sua faixa etária (hpv, meningocócica C, hepatite B, entre outras);
– realizar teste de gravidez;
– receber acompanhamento pré-natal, parto e pós parto.

E, ainda, receber gratuitamente:

– caderneta de Saúde do Adolescente;
– preservativos (masculino ou feminino);
– métodos contraceptivos (pílulas anticoncepcionais, anticoncepcionais injetáveis, DIU, etc.);
– contracepção de emergência (pílula do dia seguinte); e outros medicamentos.

 

Saiba mais sobre a saúde dos adolescentes brasileiros conferindo as informações registradas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), por meio da Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar – PeNSE, realizada em 2019!

 

Fontes:

HENRIQUES, Bruno David; ROCHA, Regina Lunardi; MADEIRA, Anézia Moreira Faria. Saúde do adolescente: o significado do atendimento para os profissionais da atenção primária do município de Viçosa, MG. Revista Médica de Minas Gerais, v. 20, n. 3, p. 300-309, 2010.

Ministério da Saúde. Diretrizes nacionais para a atenção integral à saúde de adolescentes e jovens na promoção, proteção e recuperação da saúde

Ministério da Saúde. Proteger e cuidar da saúde de adolescentes na atenção básica

Organização Pan-americana da Saúde (OPAS)

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