24/10 – Dia Mundial da Poliomielite 2025


 

O Dia Mundial da Poliomielite, 24 de outubro, foi estabelecido pelo Rotary Internacional para celebrar o nascimento de Jonas Salk, líder da primeira equipe que desenvolveu uma vacina contra a poliomielite. Existem duas vacinas para prevenir a doença: a VPO (vacina pólio oral) ou Sabin, também conhecida por ser a vacina da gotinha e a VIP (vacina inativada pólio) ou Salk, administrada por via intramuscular. As vacinas ficaram conhecidas pelos nomes dos cientistas Jonas Salk e Albert Sabin, que desenvolveram as duas modalidades de imunizantes.

 

Todos os anos, a comunidade global se reúne nesta data para renovar seu compromisso de pôr fim a um dos esforços de saúde pública mais longos da humanidade. Liderados pelo Rotary International, rotarianos e parceiros em todo o mundo organizam eventos, campanhas e debates para conscientizar e arrecadar recursos para erradicar a pólio — de uma vez por todas.

A celebração em 2025 ocorre em um momento crucial. Em um cenário de realidades geopolíticas em constante mudança e cortes significativos no financiamento global da saúde, a Global Polio Erradication Initiative (GPEI) lançou seu novo Plano de Ação Global — uma estrutura focada em garantir que a Estratégia Mundial de Erradicação da Pólio 2022-2029 possa ser totalmente implementada, apesar desses desafios. O plano enfatiza operações mais inteligentes, enxutas e localizadas para proteger as conquistas arduamente conquistadas e alcançar cada criança.

Em um mundo que frequentemente se sente dividido, a erradicação da poliomielite continua sendo um raro exemplo do que a colaboração global pode alcançar. A recente resposta ao surto em Gaza — possibilitada por pausas humanitárias que permitiram que equipes de vacinação alcançassem centenas de milhares de crianças em meio ao conflito — provou que, mesmo nas circunstâncias mais difíceis, o sucesso é possível quando a humanidade e a parceria prevalecem. Desde 5 de março de 2025, nenhum vírus da poliomielite foi detectado em Gaza — um poderoso lembrete de que não existem barreiras biológicas ou técnicas para a erradicação, apenas as escolhas que são feitas.

 

A poliomielite, também conhecida como pólio ou paralisia infantil, é uma doença contagiosa aguda causada pelo poliovírus (inicialmente dos sorotipos 1, 2, 3, dos quais apenas o de tipo 1 continua circulando), que pode infectar crianças e adultos por via fecal-oral (através do contato direto com as fezes ou com secreções expelidas pela boca das pessoas infectadas).

A multiplicação desse vírus começa na garganta ou nos intestinos, por onde penetra no organismo. Dali, alcança a corrente sanguínea e pode atingir o cérebro. Quando a infecção ataca o sistema nervoso, destrói os neurônios motores e provoca paralisia flácida em um dos membros inferiores. Se as células dos centros nervosos que controlam os músculos respiratórios e da deglutição forem infectadas, a doença pode ser mortal. O período de incubação varia de 5 a 35 dias, com mais frequência entre 7 e 14 dias.

 

Os sinais e sintomas da poliomielite variam conforme as formas clínicas, desde ausência de sintomas até manifestações neurológicas mais graves. Pode causar paralisia e até mesmo a morte, mas a maioria das pessoas infectadas não fica doente e não manifesta sintomas e a doença passa despercebida.

Os mais frequentes são:

– Febre;
– Mal-estar;
– Dor de cabeça;
– Dor de garganta e no corpo;
– Vômitos;
– Diarreia;
– Constipação (prisão de ventre);
– Espasmos;
– Rigidez na nuca;
– Meningite.

Na forma paralítica ocorre:

– Instalação súbita de deficiência motora, acompanhada de febre;
– Assimetria acometendo, sobretudo, a musculatura dos membros, com mais frequência os inferiores;
– Flacidez muscular, com diminuição ou abolição de reflexos profundos na área paralisada;
– Sensibilidade conservada;
– Persistência de paralisia residual (sequela) após 60 dias do início da doença.

A poliomielite pode deixar sequelas que estão relacionadas com a infecção da medula e do cérebro pelo poliovírus. Normalmente, são sequelas motoras e não têm cura.

As principais são:

– Problemas e dores nas articulações;
– Pé torto, conhecido como pé equino, em que a pessoa não consegue andar porque o calcanhar não encosta no chão;
– Crescimento diferente das pernas, o que faz com que a pessoa manque e incline-se para um lado, causando escoliose;
– Osteoporose;
– Paralisia de uma das pernas;
– Paralisia dos músculos da fala e da deglutição, o que provoca acúmulo de secreções na boca e na garganta;
– Dificuldade de falar;
– Atrofia muscular;
– Hipersensibilidade ao toque.

Essas sequelas são tratadas por meio de fisioterapia e da realização de exercícios que ajudam a desenvolver a força dos músculos afetados e a postura, melhorando assim a qualidade de vida e diminuindo os efeitos da doença. Além disso, pode ser indicado o uso de medicamentos para aliviar as dores musculares e das articulações.

Obs.: Não existe tratamento específico para a poliomielite – os sintomas são tratados de acordo com o quadro clínico do paciente.

 

Prevenção:

A vacinação é a única forma de prevenir a poliomielite. Todas as crianças menores de cinco anos de idade devem ser vacinadas conforme esquema de vacinação de rotina. A partir de 4 de novembro de 2024, o esquema vacinal passou a ser exclusivo com vacina inativada poliomielite (VIP), sendo administradas três doses de VIP aos 2, 4 e 6 meses de idade e um reforço com o referido imunobiológico aos 15 meses. A mudança está de acordo com a orientação da Organização Mundial da Saúde (OMS) e faz parte do processo de erradicação mundial da pólio.

Embora ocorra com maior frequência em crianças, a poliomielite também pode ocorrer em adultos que não foram imunizados. Por isso, é fundamental ficar atento às medidas preventivas gerais, como: sempre lavar bem as mãos, ter cuidado com o preparo dos alimentos e beber água tratada, pois a falta de saneamento, as más condições habitacionais e a higiene pessoal precária constituem fatores que favorecem a transmissão do poliovírus, causador da infecção.

 

Situação da doença:

Os casos de poliovírus selvagem diminuíram em mais de 99% desde 1988, quando foram estimados 350 mil casos em mais de 125 países endêmicos. Em 2018, foram notificados 29 casos. Em 2017, foram 22. Das três cepas de poliovírus selvagem (tipos 1, 2 e 3), o poliovírus selvagem tipo 2 foi erradicado em 1999 e o de tipo 3 foi declarado erradicado em 2019.

Toda esta conquista se deve ao uso das vacinas e à realização de campanhas de imunização. Em 1994, a região das Américas foi a primeira no mundo a ser certificada como livre da pólio.

Porém, a doença ainda ocorre de forma endêmica em pelo menos dois países (Paquistão e Afeganistão), fato que a torna um problema internacional, já que existe o risco de algum continente ter um caso importado e o vírus voltar a circular em regiões em que ele já foi eliminado. Para evitar isso, é importante manter as taxas de cobertura vacinal altas e fazer vigilância constante, dentre outras medidas.

O Brasil recebeu o certificado de eliminação da pólio em 1994. A estratégia adotada para a eliminação do vírus no país foi centrada na realização de campanhas de vacinação em massa com a vacina oral contra a pólio (VOP).

 

A Coordenação Geral do Programa Nacional de Imunizações (CGPNI), orienta os serviços de saúde e usuários sobre a vacinação de viajantes internacionais contra poliomielite, provenientes ou que se deslocam para áreas com circulação de poliovírus selvagem e derivado vacinal, na Nota Informativa nº 315/2021 – CGPNI/DEIDT/SVS/MS.

O Brasil recomenda ainda, a emissão do Certificado Internacional de Vacinação ou Profilaxia para a última dose da vacina contra a poliomielite a todo viajante residente no país. Esse certificado é emitido nos Centros de Orientação a Saúde do Viajante da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e credenciados.

 

Confira o esquema de proteção no Calendário Nacional de Vacinação

 

Fontes:

Global Polio Erradication Initiative (GPEI)
Ministério da Saúde
Rotary International
Secretaria da Saúde de Santa Catarina

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