24/3 – Dia Mundial e Semana Nacional de Mobilização e Luta Contra a Tuberculose


 

2023 será crítico para todos os envolvidos no trabalho com a tuberculose (TB) e deve ser defendido como o ‘ano da esperança’ para obter total apoio, atenção e energia para um coletivo “SIM! Podemos acabar com a tuberculose”.

Este tema pretende chamar a atenção para o poder coletivo de acabar com a tuberculose até 2030 e, portanto, alcançar os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável. É preciso aproveitar o fantástico trabalho realizado em 2022 por muitos países com alta carga da doença para se recuperar do impacto da pandemia de COVID-19 e garantir acesso a novos diagnósticos, novos regimes de tratamento, tecnologia digital e inteligência artificial (IA) para dar resposta à TB.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) faz um apelo à ação pelos Estados Membros para acelerar o lançamento de novos tratamentos totalmente orais e mais curtos, recomendados para a TB resistente a medicamentos.

Mensagens-chave para a campanha:

– Liderança de alto nível e ação: mobilizar o compromisso político e social para acelerar o progresso contra a TB.

– Investimento urgente em recursos, apoio, atenção e informação são vitais para garantir o acesso universal aos cuidados.

– Combater as desigualdades para garantir saúde para todos: pessoas com TB estão entre as mais marginalizadas e vulneráveis, enfrentando barreiras no acesso aos cuidados.

– Acabar com a tuberculose requer ação conjunta de todos os setores, requer compromisso político firme e forte colaboração multissetorial.

Dados globais apontam que:

– 74 Milhões de vidas foram salvas desde o ano 2000 graças aos esforços mundiais para acabar com a tuberculose;
– 10,6 Milhões de pessoas adoeceram com tuberculose em 2021;
– 1,6 Milhão de pessoas morreram de tuberculose em 2021.

Antes da Covid-19, a tuberculose era a doença infecciosa que mais matava em todo o mundo. Estima-se que para se controlar o avanço da doença, seria necessário investimento de US$ 13 bilhões, no entanto o valor investido atualmente é de aproximadamente US$ 5,4 bilhões.

O Brasil integra a lista dos 30 países com maior número de casos de tuberculose, concentrando um terço do total, na região das Américas.

No país, a cada ano são notificados aproximadamente 70 mil casos novos e ocorrem cerca de 4,5 mil mortes em decorrência da doença.

Apesar do tratamento ser gratuito no Sistema Único de Saúde (SUS), combater o avanço da tuberculose ainda é uma dificuldade. Segundo o Ministério da Saúde, 48% das famílias afetadas pela doença no Brasil gastam mais de 20% da renda familiar para se tratar, o que é considerado um custo catastrófico.

Política Pública de Saúde

Por meio do Plano Nacional pelo Fim da Tuberculose como Problema de Saúde Pública, publicado em 2017, o Brasil estabeleceu como metas: alcançar uma redução de 90% do coeficiente de incidência da TB e uma redução de 95% no número de mortes pela doença no país até 2035, quando comparados aos dados de 2015.

Significa que é necessário reduzir o coeficiente de incidência para menos de 10 casos por 100 mil habitantes e reduzir o número de óbitos para menos de 230 ao ano, até 2035.

 

A tuberculose é uma doença infectocontagiosa que afeta principalmente os pulmões, mas também pode acometer órgãos como ossos, rins e meninges (membranas que envolvem o cérebro).

Calcula-se que, durante um ano, em uma comunidade, uma pessoa com tuberculose pulmonar e/ou laríngea ativa, sem tratamento, e que esteja eliminando aerossóis com bacilos, possa infectar, em média, de 10 a 15 pessoas.

Além dos fatores relacionados ao sistema imunológico individual e à exposição ao bacilo, o adoecimento por tuberculose, muitas vezes, está ligado às condições precárias de vida, como pobreza, má distribuição de renda, desnutrição, más condições sanitárias e a alta densidade populacional.

As populações consideradas mais vulneráveis são: indígenas, pessoas privadas de liberdade, pessoas que vivem com HIV/Aids e pessoas em situação de rua.

Ao identificar casos de tuberculose em pacientes que vivam em situação de vulnerabilidade, o pessoal de saúde deve orientá-los a buscar os serviços de assistência social, especialmente o Centro de Referência de Assistência Social (CRAS), para avaliação das condicionalidades e posterior cadastramento para o acesso aos benefícios disponíveis. Os programas sociais podem melhorar as condições de vida do indivíduo e contribuir para a adesão ao tratamento da doença.

Iniciativas locais (municipais ou estaduais) são importantes, como a oferta de benefícios sociais ou incentivos como o auxílio alimentação, transporte, entre outros, dado que fortalece a adesão ao tratamento, propiciando um melhor desfecho. Para saber mais sobre Proteção Social e tuberculose, acesse o material voltado para profissionais que atuam nas políticas de saúde e de assistência social: Guia orientador: promoção da proteção social para as pessoas acometidas pela tuberculose.

Sinais e sintomas mais frequentes:

– Tosse seca ou com secreção por mais de três semanas, podendo evoluir para tosse com pus ou sangue;
– Cansaço excessivo e prostração;
– Febre baixa geralmente no período da tarde;
– Suor noturno;
– Falta de apetite;
– Emagrecimento acentuado;
– Rouquidão.

Alguns pacientes, entretanto, não exibem nenhum indício da doença, enquanto outros apresentam sintomas aparentemente simples, que não são percebidos durante alguns meses.

Pode ser confundida com uma gripe, por exemplo, e evoluir durante 3 a 4 meses sem que a pessoa infectada saiba, ao mesmo tempo em que transmite a doença para outras pessoas.

A transmissão acontece por via respiratória, pela eliminação de aerossóis produzidos pela tosse, fala ou espirro de uma pessoa com tuberculose ativa (pulmonar ou laríngea), sem tratamento; e a inalação de aerossóis por um indivíduo suscetível

Prevenção e tratamento:

A vacina BCG, disponível pelo SUS, é obrigatória para menores de um ano, pois protege as crianças contra as formas mais graves da doença. Deve ser ministrada ao nascer ou, no máximo, até os quatro anos, 11 meses e 29 dias.

A melhor forma de prevenir a transmissão da doença é por meio do diagnóstico precoce e início do tratamento adequado o mais rápido possível pois, em geral, 15 dias após iniciado o tratamento a pessoa já não transmite mais a doença. A terapia deve ser feita por um período mínimo de 6 meses, diariamente, sem nenhuma interrupção e só termina quando for confirmada a cura total do paciente.

Vacinação com BCG, ambientes bem ventilados, limpos e que recebam sol, além de hábitos saudáveis, são medidas de prevenção contra doenças infectocontagiosas como a TB.

 

O Dia Mundial da Tuberculose foi criado em 1982 pela Organização Mundial da Saúde (OMS) em homenagem aos 100 anos do anúncio da descoberta do bacilo causador da enfermidade, ocorrida em 24 de março de 1882, pelo médico Robert Koch.

Além das comemorações pelo Dia Mundial, no período de 24 a 31 de março ocorre no Brasil a Semana Nacional de Mobilização e Luta Contra a Tuberculose, iniciativa que pretende mobilizar a sociedade e orientar sobre prevenção, sintomas e tratamento.

Em alusão à data, a Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca (Ensp/Fiocruz), por meio do Centro de Referência Professor Hélio Fraga (CRPHF), promove nesta quinta-feira (23/3), um simpósio sobre o tema, abordando a situação epidemiológica da tuberculose durante a pandemia de Covid-19, além do impacto dos cuidados nutricionais dos pacientes acometidos pela doença. A segunda edição do simpósio é transmitida, ao vivo, no canal da Ensp no Youtube, e é aberta a todos os interessados.

 

Fontes:

Conselho Nacional de Saúde
Fundação Oswaldo Cruz
Ministério da Saúde
Stop TB Partnership
Unimed Belo Horizonte
World Health Organization

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