“Acabar com o envenenamento infantil por chumbo”: 22 a 29/10 – Semana Internacional de Prevenção da Intoxicação por Chumbo


 

A Semana Internacional de Prevenção do Envenenamento por Chumbo acontece todos os anos durante a terceira semana do mês de outubro.

Em 2023 ocorre de 22 a 29/10 e o tema: “Acabar com o envenenamento infantil por chumbo” pretende lembrar aos governos, organizações da sociedade civil, parceiros da saúde, indústria e outros, os riscos inaceitáveis ​​da exposição ao chumbo e a necessidade de medidas para proteger a saúde das crianças.

As ações baseiam-se no sucesso da proibição de utilização de chumbo na gasolina e nos progressos alcançados por muitos países no estabelecimento de leis que limitam o uso de chumbo nas tintas, especialmente naquelas a que as crianças estão expostas nas suas casas, escolas e parques infantis.

A campanha tem como objetivos gerais:

– Aumentar a conscientização sobre os efeitos da exposição ao chumbo na saúde;
– Destacar os esforços dos países e demais parceiros para prevenir a exposição ao chumbo, especialmente em crianças;
– Apelar por novas medidas para eliminar o chumbo das tintas por meio de medidas regulamentares em nível nacional.

 

O chumbo é um metal tóxico natural encontrado na crosta terrestre. Seu uso generalizado resultou em extensa contaminação ambiental, exposição humana e problemas significativos de saúde pública em muitas partes do mundo.

Tem amplos impactos na saúde, afetando particularmente os sistemas neurológico, cardiovascular, gastrointestinal e hematológico. As crianças pequenas são as mais vulneráveis, pois têm percursos únicos que podem levar a exposições mais elevadas do que os adultos. Além disso, o chumbo pode causar danos irreversíveis ao cérebro em desenvolvimento e ao sistema nervoso, que podem resultar em problemas de saúde que perduram pelo resto da vida da criança, como a redução da capacidade intelectual.

O chumbo também causa danos de longo prazo em adultos, incluindo aumento do risco de hipertensão e danos renais. A exposição de mulheres grávidas a altos níveis de chumbo pode causar aborto espontâneo, nato-morto, parto prematuro e baixo peso ao nascer.

Os dados mais recentes da Organização Mundial da Saúde (OMS) estimam que mais de 2 milhões de mortes em todo o mundo foram atribuídas a exposições químicas em 2019. Quase metade destas mortes foi atribuída a exposição ao chumbo. Além disso, estima-se que o problema foi responsável por 21,7 milhões de anos perdidos por incapacidade (anos de vida ajustados por incapacidade) em todo o mundo em 2019, incluindo 30% da carga global de deficiência intelectual idiopática, 4,6% da carga global de doenças cardiovasculares e 3,0% da carga global de doenças renais crônicas.

Apesar do amplo conhecimento dos efeitos nocivos do chumbo e das ações em muitos países, a exposição ao material, especialmente durante a infância, continua a ser uma preocupação fundamental para os prestadores de cuidados de saúde e para as autoridades de saúde pública em todo o mundo.

Fontes importantes de contaminação ambiental incluem atividades de mineração, fundição, fabricação e reciclagem e, em alguns países, o uso contínuo de tintas e de combustível de aviação com chumbo. A maior parte do consumo global destina-se à fabricação de baterias de chumbo-ácido para veículos motorizados.

Outros produtos que o contêm incluem pigmentos, tintas, solda, vitrais, vidros de cristal de chumbo, munições, esmaltes cerâmicos, joias, brinquedos, alguns itens elétricos e eletrônicos comuns, alguns cosméticos e medicamentos tradicionais usados ​​em países como Índia, México e Vietnã.

A água potável fornecida através de tubos de chumbo ou tubos unidos com solda de chumbo também pode contê-lo.

A OMS identifica o chumbo como um dos 10 produtos químicos de grande preocupação para a saúde pública que necessitam de ação por parte dos Estados-Membros para proteger a saúde dos trabalhadores, das crianças e das mulheres em idade reprodutiva.

A eliminação global do chumbo na gasolina para veículos rodoviários em 2021 e as recentes reduções da sua utilização em tintas, canalizações e soldas resultaram numa redução substancial das concentrações médias do nível de chumbo no sangue da população. No entanto, ainda permanecem fontes significativas de exposição, especialmente em países de baixa e média renda.

Prevenção:

A prevenção primária, ou seja, a adoção de medidas precedentes à contaminação, é apontada como a estratégia mais eficaz de combate à exposição ao chumbo.

– É preciso atenção a objetos do cotidiano, como brinquedos, utensílios de cozinha, joias e cosméticos. Dar preferência para aqueles com certificação de qualidade e afastar crianças de brinquedos descascando ou de procedência desconhecida. Lavar sempre as mãos das crianças, especialmente quando brincarem fora de casa, em praças ou parquinhos, e lembrar de lavar também as mamadeiras, chupetas e brinquedos, antes que elas os levem à boca.

– Priorizar refeições de qualidade, ricas em ferro e cálcio: esses nutrientes protegem as crianças do chumbo.

– Limpar regularmente pisos, janelas, portas e outras superfícies utilizando métodos úmidos, como esponjas ou panos molhados, para evitar a dispersão de poeira.

– Fazer a manutenção da pintura e do encanamento do local onde mora: casas muito antigas podem ter canos metálicos que passam chumbo para a água. Se esse for o caso, não beber nem cozinhar com a primeira água que sai da torneira pela manhã. Se decidir reformar o local, evitar ficar no mesmo ambiente da obra, principalmente no caso de gestantes e crianças.

– Se os adultos da casa trabalharem em produções ou serviços que envolvam tinta, pigmentos, baterias e soldas, não lavar a roupa usada no trabalho junto com a roupa da família. Também é importante não entrar em casa com os sapatos usados no trabalho – há risco de carregar contaminantes no cabelo, sapatos e roupas. Caso o trabalho seja informal, nunca fazer soldagens ou banhos químicos em ambientes fechados, junto com a família. As crianças não devem ter contato com pós de solda, fios de estanho e baterias. Além disso, deve-se manter o ambiente muito bem ventilado e vestir equipamentos de proteção.

 

Fontes:

Jornal da USP
ONU News
Organização Mundial da Saúde (OMS)

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