“Fechar a lacuna no tratamento”: 04/02 – Dia Mundial do Câncer
O Dia Mundial do Câncer, comemorado em 4 de fevereiro, é uma iniciativa global liderada pela União Internacional para o Controle do Câncer (UICC). Criada no ano 2000, a campanha tornou-se um movimento positivo para que todos, mundialmente, se unam sob uma só voz para enfrentar um dos maiores desafios da história.
Ao aumentar a conscientização, a educação e a ação pessoal, coletiva e governamental, todos estarão trabalhando em conjunto para reimaginar o mundo onde milhões de mortes por câncer sejam evitadas e o acesso a tratamentos e cuidados oncológicos seja equitativo para todos – não importa o que aconteça, quem seja ou aonde esteja.
Todos os anos, centenas de atividades e eventos acontecem em todo o globo, reunindo comunidades, organizações e indivíduos em escolas, empresas, hospitais, mercados, parques, salões comunitários, locais de culto – nas ruas e online – agindo como um poderoso lembrete de que todos têm um papel a desempenhar na redução do impacto global do câncer.
Embora vivamos numa época de avanços inspiradores na prevenção, diagnóstico e tratamento da doença, muitos que procuram os cuidados oncológicos se deparam com barreiras a cada passo. A renda, a educação, a localização geográfica e a discriminação com base na etnia, gênero, orientação sexual, idade, deficiência e estilo de vida, são apenas alguns dos fatores que podem afetar negativamente o acesso aos serviços de saúde.
Assim, o tema de 2024: “Fechar a lacuna no tratamento”, conecta-se diretamente com garantir que os governantes saibam que se exige o compromisso de dar prioridade ao câncer, de criar estratégias inovadoras concebidas para enfrentar a desigualdade e de investir recursos para que se alcance, de forma justa, um mundo livre do câncer.
O câncer é a segunda causa mais frequente de morbidade e mortalidade nas Américas, depois das doenças cardiovasculares, e uma base importante das desigualdades em saúde.
Estima-se que 4 milhões de pessoas foram recentemente diagnosticadas e 1,4 milhão de pessoas morreram da doença em 2020, na região.
Aproximadamente, 57% dos novos casos e 47% das mortes por câncer ocorreram em pessoas com 69 anos de idade ou menos, no auge das suas vidas.
Globalmente, registraram-se cerca de 20 milhões de novos casos de câncer e 10 milhões de mortes. O fardo da doença aumentará aproximadamente 60% nas próximas duas décadas, sobrecarregando ainda mais os sistemas de saúde, as pessoas e as comunidades. São previstos cerca de 30 milhões de novos casos até 2040, com os maiores aumentos em países de baixo e médio rendimento.
Na região das Américas, o número de pessoas que se prevê serem diagnosticadas com câncer aumentará 57%, estimando-se que aproximadamente 6,23 milhões terão esse diagnóstico até 2040, se não forem tomadas medidas adicionais para prevenir e controlar a doença.
A implementação de estratégias baseadas em evidências, como rastreamento, detecção precoce, tratamento e cuidados paliativos, são medidas de prevenção e controle do câncer.
Fatores de risco mais comuns, partilhados com muitas outras doenças não transmissíveis, como uso do tabaco, baixa ingestão de frutas e verduras, uso prejudicial de álcool e a falta de atividade física têm origem comportamental e, portanto, são modificáveis.
Outros fatores de risco específicos para o câncer incluem infecções crônicas por papilomavírus humano (HPV) – para o câncer cervical –, hepatite B e C – para o câncer de fígado – e H. pylori – para o câncer de estômago.
Especialistas no tema e representantes da sociedade civil da América Latina e do Caribe, convocados pela International Agency for Research on Cancer (IARC) da Organização Mundial da Saúde (OMS) e pela Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), revisaram as evidências científicas e recomendam 17 ações que as pessoas podem realizar para ajudar a prevenir o câncer:
- Não fumar nem usar qualquer tipo de tabaco, incluindo cigarros eletrônicos. Se já o fizer, é possível abandonar o hábito, com ajuda profissional, se necessário.
- Fazer da sua casa um lugar livre de fumo. Respeitar e promover normas que garantam espaços livres de tabaco.
- Alcançar ou manter um peso saudável ao longo da vida.
- Praticar atividade física diária durante toda a vida e limitar o tempo que passa sentado.
- Ter uma dieta saudável. Ingerir frutas, verduras, legumes e grãos integrais. Evitar bebidas açucaradas, alimentos ultraprocessados (frios, salsichas, doces, biscoitos); limitar a ingestão de carnes vermelhas e o consumo de bebidas muito quentes (podem provocar queimaduras nos lábios e língua).
- Evitar o consumo de bebidas alcoólicas.
- Amamentar quanto mais tempo melhor ajuda a prevenir o câncer de mama e o excesso de peso do bebê.
- Proteger-se da exposição direta ao sol durante os horários de pico ajuda a prevenir o câncer de pele.
- Se cozinhar ou aquecer a casa com carvão ou lenha, certificar-se de que não haja fumaça acumulada dentro de casa.
- Limitar o tempo ao ar livre em locais onde a poluição do ar for alta.
- Solicitar e adotar as medidas de proteção recomendadas, caso trabalhe exposto a substâncias cancerígenas.
- Verificar com os profissionais de saúde se pode beneficiar-se com o rastreamento e o tratamento da infecção bacteriana por Helicobacter pylori.
- A infecção por vírus como os da hepatite B e C, o papilomavírus humano (HPV) e o vírus da imunodeficiência humana (HIV) também podem causar câncer. Tomar as vacinas disponíveis, rastrear e tratar essas infecções e utilizar corretamente o preservativo são medidas de proteção.
- Fazer reposição hormonal para a menopausa somente com orientação médica. A reposição hormonal pode causar câncer de mama.
O câncer pode ser controlado e curado se for detectado e tratado precocemente:
- Se tiver entre 50 e 74 anos, devem visitar um médico e pedir um teste de detecção precoce de câncer de cólon e reto (exame de sangue oculto nas fezes ou colonoscopia). Com base nos resultados, seguir prontamente as recomendações do profissional de saúde.
- Se tiver 40 anos ou mais, devem ir ao médico a cada dois anos para fazer exame clínico das mamas. Dos 50 aos 74 anos, fazer mamografia a cada dois anos. Com base nos resultados, seguir prontamente as recomendações do profissional de saúde.
- Se tiver entre 30 e 64 anos, devem visitar um médico e pedir um teste molecular do papilomavírus humano (HPV), pelo menos a cada 5 a 10 anos, para detecção precoce do câncer cervical. Caso não tenha acesso ao teste de HPV, solicitar o exame que estiver disponível em seu país. Com base nos resultados, seguir prontamente as recomendações do profissional de saúde.
Câncer é um termo que abrange mais de 100 diferentes tipos de doenças malignas que têm em comum o crescimento desordenado de células que podem invadir tecidos adjacentes ou órgãos a distância. Dividindo-se rapidamente, estas células tendem a ser muito agressivas e incontroláveis, determinando a formação de tumores, que podem espalhar-se para outras regiões do corpo.
No Brasil, são esperados 704 mil casos novos de câncer para cada ano do triênio 2023-2025, com destaque para as regiões Sul e Sudeste, que concentram cerca de 70% da incidência. As informações são da publicação Estimativa 2023 – Incidência de Câncer no Brasil, a principal ferramenta de planejamento e gestão na área oncológica no Brasil, fornecendo informações fundamentais para a definição de políticas públicas.
Foi publicada em 20/12/2023 a Lei 14.758 que institui a Política Nacional de Prevenção e Controle do Câncer no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS) e o Programa Nacional de Navegação da Pessoa com Diagnóstico de Câncer.
A Política tem como principais objetivos:
– Diminuir a incidência dos diversos tipos de câncer;
– Garantir o acesso adequado ao cuidado integral;
– Contribuir para a melhoria da qualidade de vida dos usuários diagnosticados com câncer;
– Reduzir a mortalidade e a incapacidade causadas pelo câncer.
O Programa Nacional de Navegação da Pessoa com Diagnóstico de Câncer consiste na busca ativa e no acompanhamento individual dos processos envolvidos no diagnóstico e no tratamento do câncer e tem como objetivo principal identificar e superar barreiras que possam prejudicar as medidas de prevenção e controle do câncer, de forma a aumentar os índices de diagnóstico precoce e a reduzir a morbimortalidade associada a essa doença.
Consideram-se barreiras os obstáculos que dificultam ou retardam o andamento do processo de complementação diagnóstica, estadiamento e tratamento do câncer, que podem ser de caráter social, clínico, econômico, educacional, cultural, estrutural ou de acesso, entre outros.
No dia 8 de fevereiro, das 12h00 às 14h00 (horário de Washington DC), a OPAS promove o webinar “Objetivos e Desafios na Luta Contra o Câncer”. O evento enfatiza objetivos e desafios específicos enfrentados na luta contra o câncer, abrangendo as principais iniciativas: a Iniciativa Global para o Câncer Infantil; a Estratégia Global para a Eliminação do Câncer do Colo do Útero; e a Iniciativa Global contra o Câncer de Mama.
Além disso, será destacado o “Código Latino-Americano e Caribenho contra o Câncer”, desenvolvido com a participação de mais de 60 especialistas regionais, que inclui recomendações específicas para a prevenção do câncer adaptadas aos contextos regionais.
As inscrições estão disponíveis aqui!
O Instituto Nacional de Câncer (INCA) realizará evento presencial e on-line, em 20 de fevereiro, às 10 horas, para apresentar as convergências entre a Política Nacional de Prevenção e Controle do Câncer no âmbito do SUS e o Código Latino-Americano.
A participação presencial se dará no Auditório Moacyr Santos Silva (8º andar do prédio-sede do INCA no Rio de Janeiro) e on-line, com transmissão pela TV INCA.
Mais informações estão disponíveis no site do INCA!
Fontes:
Instituto Nacional de Câncer (INCA)
Organização Pan-Americana da Saúde OPAS)
União Internacional para o Controle do Câncer (UICC)