“Saúde renal para todos: Promoção do acesso equitativo aos melhores cuidados e tratamentos”: 14/3 – Dia Mundial do Rim
Estima-se que a doença renal crônica (DRC) afete mais de 850 milhões de pessoas em todo o mundo e resultou em mais de 3,1 milhões de mortes em 2019. Atualmente, a doença renal é classificada como a 8ª principal causa de morte e, se não for tratada, prevê-se que se torne a quinta causa principal de anos de vida perdidos até 2040.
Nas últimas três décadas, os esforços de tratamento da DRC concentraram-se na preparação e administração de terapias de substituição renal. No entanto, avanços terapêuticos recentes oferecem oportunidades sem precedentes para prevenir ou retardar doenças e mitigar complicações como as cardiovasculares e a insuficiência renal, prolongando, em última análise, a qualidade e a quantidade de vida das pessoas que vivem com a enfermidade.
Embora estas novas terapias devam ser universalmente acessíveis a todos os pacientes, em todos os países e ambientes, barreiras como a falta de conscientização sobre a DRC, conhecimento ou confiança insuficientes com novas estratégias terapêuticas, escassez de especialistas e custos de tratamento contribuem para profundas disparidades no acesso às terapias, especialmente em países de rendimento baixo e médio, mas também em alguns contextos de rendimento elevado. Estas desigualdades sublinham a necessidade de mudar o foco para a sensibilização e para o reforço das capacidades dos profissionais de saúde.
Alcançar cuidados renais ideais requer a superação de barreiras em vários níveis, ao mesmo tempo em que se consideram as diferenças contextuais entre as regiões do mundo, que incluem lacunas no diagnóstico precoce, falta de cuidados de saúde universais ou cobertura de seguros, pouca sensibilização entre os profissionais de saúde e desafios ao custo e acessibilidade dos medicamentos.
É necessária uma estratégia multifacetada para salvar rins, corações e vidas:
Políticas de saúde – A prevenção primária e secundária da DRC exige políticas específicas que integrem holisticamente os cuidados renais nos programas de saúde existentes, garantam financiamento e divulguem conhecimentos sobre saúde renal ao público e aos profissionais de saúde. O acesso equitativo ao rastreio da doença renal, a ferramentas para diagnóstico precoce e o acesso sustentável a tratamento de qualidade devem ser implementados para prevenir a DRC ou a sua progressão.
Prestação de cuidados de saúde – Os cuidados renais abaixo do ideal resultam de um enfoque político limitado, de uma educação inadequada dos pacientes e dos prestadores, da falta de recursos e do acesso limitado a medicamentos. Para implementar estratégias com sucesso, é essencial adotar abordagens abrangentes, centradas no paciente e orientadas localmente para identificar e solucionar barreiras.
Profissionais de saúde – Responder à escassez de profissionais de cuidados primários e de especialistas em rins exige a melhoria da formação, a minimização da perda de prestadores de cuidados de saúde e a capacitação dos profissionais, incluindo médicos da atenção básica, enfermeiros e agentes comunitários de saúde. A educação sobre o rastreio adequado da DRC e a adesão às recomendações das diretrizes de prática clínica são fundamentais para a implementação bem-sucedida de estratégias de tratamento eficazes e seguras. Adotar a inovação científica e utilizar ferramentas farmacológicas e não farmacológicas para o tratamento, bem como promover a comunicação eficaz e a empatia entre os profissionais, teria um grande impacto no bem-estar dos pacientes.
Capacitar pacientes e comunidades – Globalmente, os pacientes lutam para ter acesso a cuidados e medicamentos devido aos elevados custos e à desinformação, que têm impacto nos seus comportamentos de saúde e adesão. Aumentar a conscientização sobre os fatores de risco da DRC, como diabetes, hipertensão e obesidade, aumentar a alfabetização em saúde sobre escolhas de estilo de vida saudáveis, autocuidado e promover a adesão a longo prazo às estratégias de tratamento pode trazer grandes benefícios, especialmente quando iniciado precocemente e mantido de forma consistente. Envolver os pacientes em organizações de defesa e comunidades locais irá capacitá-los a tomar decisões informadas e a melhorar os seus resultados de saúde.
Os rins são órgãos vitais para o organismo, responsáveis por limpar as impurezas e toxinas do corpo; regular a água e manter o equilíbrio das substâncias minerais (sódio, potássio e fósforo); liberar hormônios para manter a pressão arterial e regular a produção de células vermelhas no sangue, além de ativar a vitamina D, que mantém a estrutura dos ossos.
Recebem cerca de 1,2 litro de sangue por minuto, por meio das artérias renais e filtram todo o sangue de uma pessoa cerca de 12 vezes por hora e nossa sobrevivência depende do seu funcionamento normal.
Quando os rins perdem a capacidade de efetuar suas funções básicas ocorre a insuficiência renal, que pode ser aguda, quando ocorre súbita e rápida perda da função renal, ou crônica, quando esta perda é lenta, progressiva e irreversível.
Principais causas da insuficiência renal aguda:
– Choque circulatório;
– Sepse (infecção generalizada);
– Desidratação;
– Queimaduras extensas;
– Excesso de diuréticos;
– Obstrução renal;
– Insuficiência cardíaca grave;
– Glomerulonefrite aguda (inflamação nos glomérulos – unidades filtrantes do rim).
A doença renal crônica está associada a duas doenças de alta incidência na população brasileira: hipertensão arterial e diabetes.
Como o rim é um dos responsáveis pelo controle da pressão arterial, quando ele não funciona adequadamente há alteração nos níveis de pressão e essa mudança também sobrecarrega os rins. Portanto, a hipertensão pode ser a causa ou a consequência da disfunção renal, e seu controle é fundamental para a prevenção da doença.
Já a diabetes pode danificar os vasos sanguíneos dos rins, interferindo no funcionamento destes órgãos, que não conseguem filtrar o sangue corretamente. Mais de 25% das pessoas com diabetes tipo I e 5 a 10% dos portadores de diabetes tipo II desenvolvem insuficiência renal.
Outras causas são: nefrite (inflamação dos rins), cistos hereditários, infecções urinárias frequentes que danificam o trato urinário e doenças congênitas.
Sintomas:
A progressão lenta da doença permite que o organismo se adapte à diminuição da função renal. Por isso, muitas vezes, a doença não manifesta sintomas até que haja um comprometimento grave dos rins, com perda de até 90% de sua função. Nesses casos, os sinais são:
– Aumento do volume e alteração na cor da urina;
– Fadiga;
– Dificuldade de concentração;
– Diminuição do apetite;
– Sangue e espuma na urina;
– Incômodo ao urinar;
– Inchaço nos olhos, tornozelos e pés;
– Dor lombar;
– Anemia;
– Fraqueza;
– Enjoos e vômitos;
– Alteração na pressão arterial.
Tratamento:
Não existe cura para a doença renal crônica, embora o tratamento possa retardar ou interromper a progressão da doença e impedir o desenvolvimento de outras condições graves. A insuficiência renal pode ser tratada com medicamentos e controle da dieta. Nos casos mais extremos pode ser necessária a realização de diálise ou transplante renal, como terapêutica definitiva de substituição da função renal.
Prevenção:
O primeiro passo é prevenir o desenvolvimento da hipertensão arterial e controlar a diabetes, doenças que mais levam à insuficiência renal.
– Conhecer o histórico de doenças da sua família;
– Controlar os níveis de pressão;
– Realizar avaliação médica anual, principalmente após os quarenta anos;
– Seguir uma dieta equilibrada, com baixa ingestão de sal e de açúcar;
– Controlar o peso;
– Exercitar-se regularmente;
– Não fumar;
– Se fizer uso de bebidas alcoólicas, que seja de forma moderada;
– Monitorar os níveis de colesterol;
– Evitar o uso de medicamentos sem orientação médica.
A campanha global do Dia Mundial do Rim acontece na 2ª quinta-feira do mês de março, anualmente, e teve início em 2006, como uma iniciativa conjunta da International Society of Nephrology (ISN) e da International Federation of Kidney Foundations – World Kidney Alliance (IFKF-WKA) que visa conscientizar sobre a importância dos rins, o que inclui: conscientização sobre comportamentos preventivos, fatores de risco e como conviver com uma doença renal.
No Brasil, estima-se que cerca de 50 mil pessoas por ano com doença renal morram precocemente, antes de ter acesso à diálise ou ao transplante. A Sociedade Brasileira de Nefrologia (SBN), que coordena a celebração anual no País, acredita que o tema de 2024 é atual e necessário, ao ratificar a busca por uma política de saúde inclusiva que garanta a equidade e permita o acesso ao diagnóstico e tratamento, pois ainda há, aqui e no mundo, iniquidade na assistência à saúde renal, com regiões onde há barreiras no acesso ao diagnóstico e ao tratamento, especialmente à terapia renal substitutiva.
Várias ações estão programadas para abranger e alcançar o maior número de pessoas, desde governantes, legisladores, educadores, profissionais de saúde e, principalmente, a população em geral.
Diversas peças publicitárias serão produzidas para utilização em eventos, em mais de 900 localidades, além da iluminação de monumentos e prédios públicos, eventos educativos, aulas, ações de Ligas Acadêmicas, entre outras iniciativas em redes sociais. Para saber mais sobre as atividades previstas, acesse o site da SBN. Veja também o Guia de Atividades!
Fontes:
Hospital Albert Einstein
Sociedade Brasileira de Nefrologia (SBN)
World Kidney Day