“Hora de agir contra a demência, hora de agir contra o Alzheimer” : setembro, Mês Mundial do Alzheimer


 

A campanha global de conscientização sobre o Alzheimer, cujo tema para 2024 ‘Atitudes em relação à demência’ e o slogan “Hora de agir contra a demência, hora de agir contra o Alzheimer”, concentra-se nas atitudes em relação à demência e busca corrigir o estigma e a discriminação que ainda existem em torno da condição, ao mesmo tempo em que destaca as medidas positivas que estão sendo tomadas por organizações e governos, globalmente, para desenvolver uma sociedade mais amigável à demência.

 

Estudo publicado pela revista The Lancet, em 2022, revelou que cerca de dois milhões de pessoas viviam com demência no Brasil – dados preocupantes da pesquisa mostram que este número deve subir para seis milhões, até o ano de 2050 – um aumento significativo de 206%.

As tendências nacionais refletem os padrões globais com 55 milhões de pessoas vivendo com demência em todo o mundo, número que deve triplicar até 2050, quando poderão ser superiores a 156 milhões, refletindo um aumento de 166%.

Segundo Paola Barbarino, da Alzheimer’s Disease International (ADI), a maioria dos governos ao redor do mundo não está preparada para enfrentar uma crise de saúde pública, entretanto, ainda há tempo para agir.

“Em 2017, todos os 194 Estados-Membros da Organização Mundial de Saúde (OMS) comprometeram-se a conscientizar e implementar medidas de redução de riscos para a demência por meio do plano de ação global da OMS sobre a resposta à demência, no entanto, até agora apenas 39 Estados-Membros cumpriram sua promessa. As evidências e previsões são inequívocas, e os governos enfrentam duas escolhas: agir em seu compromisso de 2017 ou intencionalmente tropeçar em uma das maiores crises de saúde pública de nosso tempo. ”

 

Relatório Mundial Alzheimer 2024

Disponível em 21 de setembro de 2024, o World Alzheimer Report deste ano fará um mergulho profundo nas percepções atuais da demência por aqueles que vivem com a condição, cuidadores, profissionais de saúde e o público em geral.

Os dados do Relatório de 2019 demonstraram que 62% dos profissionais de saúde consideraram erroneamente a demência como uma parte normal do envelhecimento; 35% dos cuidadores esconderam o diagnóstico e 1 em cada 4 pessoas do público geral achava que não havia nada que pudesse ser feito sobre a demência, ressaltando a importância desta campanha. Assim, a ADI está revisitando a pesquisa que baseou o relatório de 2024, para ver quais mudanças nas atitudes em relação à demência podem ser vistas ao redor do mundo ao longo de 5 anos.

Os relatórios anteriores, de 2009 a 2023, estão disponíveis na página da ADI.

 

A doença de Alzheimer apresenta-se como demência, ou perda de funções cognitivas, tais como: memória, orientação, atenção e linguagem, causada pela morte de células cerebrais. Quando diagnosticada precocemente é possível retardar o seu avanço e ter mais controle sobre os sintomas, garantindo melhor qualidade de vida ao paciente e à família.

Seu nome homenageia o médico psiquiatra alemão Alois Alzheimer, primeiro a descrever a doença, em 1906. Ele estudou e publicou o caso da paciente Auguste Deter, uma mulher saudável que, aos 51 anos, desenvolveu um quadro de perda progressiva de memória, desorientação, distúrbio de linguagem (com dificuldade para compreender e se expressar), tornando-se incapaz de cuidar de si. Após seu falecimento, aos 55 anos, o Dr. Alzheimer examinou seu cérebro e descreveu as alterações que hoje são conhecidas como características da doença.

Estudos recentes demonstram que essas alterações cerebrais já estariam instaladas antes do aparecimento de sintomas demenciais. Por isso, quando aparecem as manifestações clínicas que permitem o estabelecimento do diagnóstico, diz-se que teve início a fase demencial da doença.

As perdas neuronais características da doença não acontecem de maneira homogênea. As áreas comumente mais atingidas são as de células nervosas (neurônios) responsáveis pela memória e pelas funções executivas que envolvem planejamento e execução de funções complexas. Outras áreas tendem a ser atingidas, posteriormente, ampliando as perdas.

O principal e mais característico sintoma do Alzheimer é a perda de memória recente. Outros sintomas recorrentes são: dificuldade para encontrar caminhos conhecidos, dificuldade para encontrar palavras que exprimem sentimentos pessoais ou ideias, irritabilidade e agressividade.

A Doença de Alzheimer costuma evoluir para várias fases de forma lenta, sem que algo possa ser feito para barrar seu avanço. A partir do diagnóstico, a sobrevida média das pessoas acometidas oscila entre 8 e 10 anos. O quadro clínico costuma ser dividido em quatro estágios:

Estágio 1 (forma inicial): alterações na memória, na personalidade e nas habilidades visuais e espaciais;

Estágio 2 (forma moderada): dificuldade para falar, realizar tarefas simples e coordenar movimentos. Agitação e insônia;

Estágio 3 (forma grave): resistência à execução de tarefas diárias. Incontinência urinária e fecal. Dificuldade para comer. Deficiência motora progressiva;

Estágio 4 (terminal): restrição ao leito. Mutismo. Dor à deglutição. Infecções intercorrentes.

Causas, tratamento e prevenção:

A causa da Doença de Alzheimer ainda é desconhecida, mas acredita-se que seja geneticamente determinada. Seu tratamento é medicamentoso e, embora não haja cura, os pacientes têm à disposição medicamentos capazes de minimizar os distúrbios da doença, propiciando a estabilização do comprometimento cognitivo, do comportamento e da realização das atividades da vida diária (ou modificar as manifestações da doença), com um mínimo de efeitos adversos, devendo ser prescritos pela equipe médica.

Não há uma forma de prevenção específica, no entanto, os médicos acreditam que manter a mente ativa e ter uma boa vida social, regada a bons hábitos e estilos, pode retardar ou até mesmo inibir a manifestação da doença. Com isso, as principais formas de prevenir, não apenas o Alzheimer, mas outras doenças crônicas como diabetes, câncer e hipertensão, por exemplo, são:

– Estudar, ler, pensar, manter a mente sempre ativa;
– Fazer exercícios de aritmética;
– Jogos inteligentes;
– Atividades em grupo;
– Não fumar;
– Não consumir bebida alcoólica;
– Ter alimentação saudável e regrada;
– Praticar atividades físicas regulares.

 

No Brasil, a Lei nº 14.878/2024 instituiu a Política Nacional de Cuidado Integral às Pessoas com Doença de Alzheimer e Outras Demências, a ser efetivada por meio da articulação multissetorial, especialmente de áreas como saúde, previdência e assistência social, direitos humanos, educação, inovação, tecnologia e outras que se mostrem essenciais nas discussões e na sua implementação.

 

Para saber mais sobre a condição, a Federação Brasileira das Associações de Alzheimer (FEBRAZ) disponibiliza um Programa de Educação e Apoio na Doença de Alzheimer e outras Demências, online e gratuito, chamado Zelar. Mais informações e inscrições podem ser encontradas aqui!

 

Fontes:

Agência Senado
Alzheimer’s Disease International (ADI)
Associação Brasileira de Alzheimer (ABRAZ)
Federação Brasileira das Associações de Alzheimer (FEBRAZ)
Ministério da Saúde
Organização Pan-americana de Saúde (OPAS)

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