24/5 – Dia Nacional de Conscientização sobre a Esquizofrenia


 

Com o objetivo de conscientizar a população para a necessidade de tratamento adequado da esquizofrenia e contribuir para a inclusão social dos pacientes com o transtorno, bem como combater preconceitos e estereótipos, a Lei nº 14.860/2024 instituiu 24 de maio como o “Dia Nacional de Conscientização sobre a Esquizofrenia”.

 

De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), o transtorno é a terceira causa de perda da qualidade de vida entre indivíduos com idade de 15 a 44 anos. Cerca de 1% da população mundial é atingida por este grave problema.

No Brasil, estima-se que 1,6 milhão de pessoas sofram com a doença, com o estigma e a discriminação que a acompanham. Além disso, as pessoas com a condição correm alto risco de exposição a violações de direitos humanos, como o confinamento de longo prazo em instituições e a dificuldade de acesso aos serviços sociais e de saúde.

As estimativas apontam que a expectativa de vida nesta população seja cerca de 20 anos a menos que a da população em geral. No entanto, sabe-se que o tratamento precoce e contínuo da esquizofrenia pode desacelerar esse processo.

Para a OMS, ampliar o acesso a formas de assistência cotidiana, atenção domiciliar e suporte para a inserção no mercado de trabalho são medidas de apoio para que as pessoas que sofrem com doenças mentais graves, como a esquizofrenia, atinjam os objetivos de sua reabilitação, já que enfrentam maiores dificuldades em acessar empregos ou moradia.

 

A esquizofrenia é um dos mais severos transtornos da psiquiatria. Seus sintomas podem comprometer funções cognitivas e motoras e também o relacionamento social e profissional. No entanto, existe tratamento e é possível controlar as crises.

Não se sabe exatamente a causa ou quais são os fatores de risco que levam ao desenvolvimento da condição. Fatores genéticos e alterações neuroquímicas ou na estrutura do cérebro são as principais hipóteses para o seu surgimento.

Pessoas com um parente de 1° grau com esquizofrenia têm risco de aproximadamente 10% a 12% de desenvolver o transtorno em comparação ao risco de 1% na população geral. Seu início ocorre durante a adolescência ou no início da vida adulta, entre os 15 e os 35 anos de idade.

 

Tipos de esquizofrenia:

Paranoide: é a mais comum e se caracteriza pela predominância de delírios persecutórios e alucinações;

Hebefrênica: gera isolamento social, embotamento afetivo e deterioração global;

Catatônica: o paciente se mantém com olhar perdido e apresenta tendência a ficar imóvel em uma única posição;

Indiferenciada: agrupa características presentes em todos os outros tipos.

 

Os primeiros sintomas da esquizofrenia não são os mais conhecidos — delírios e alucinações. A doença tende a começar com isolamento social e alterações no comportamento que fazem com que o paciente seja visto pelas pessoas de seu convívio como “peculiar” ou “estranho”, marcadamente pela perda de conexão com a realidade.

Com o passar do tempo, podem variar entre:

– Alucinações;
– Delírios;
– Diminuição ou perda das funções normais;
– Diminuição ou perda da capacidade de expressar e receber afeto;
– Desorganização do pensamento;
– Comportamento excêntrico, esquisito;
– Déficits de memória;
– Dificuldade no processamento de informações;
– Dificuldade na resolução de problemas.

 

Tratamento:

A esquizofrenia não tem cura, mas é tratável, o que possibilita viver bem com ela. Seu tratamento envolve o uso de medicações e o acompanhamento da psicoterapia e da terapia ocupacional, sempre de forma bastante individualizada.

Alguns pacientes precisam apenas de acompanhamento psiquiátrico e ajuda no desenvolvimento de suas atividades. Outros, de um esquema mais intensivo. Porém, a abordagem deve ser sempre multifatorial, com o psiquiatra e outros profissionais ao longo do processo.

Os tratamentos atuais concentram-se em ajudar os indivíduos a gerenciar os sintomas e melhorar o funcionamento da vida diária, a fim de torná-los capazes de manter uma atividade profissional e relacionamentos.

 

Evolução da esquizofrenia:

Os sintomas da doença acompanharão o indivíduo afetado pelo resto da vida. Muitas vezes, causando alto grau de disfuncionalidade, incapacidade laboral e dificuldade nos relacionamentos.

O transtorno evolui de forma variável e pode ser dividido em três grupos:

– Aproximadamente um terço dos casos apresenta recuperação completa ou quase completa;

– Cerca de um terço dos pacientes experimenta remissão incompleta, o que significa que há uma melhora significativa, mas ainda existem sintomas residuais que afetam o funcionamento profissional, social e afetivo;

– O último terço dos pacientes avança para uma deterioração importante e persistente da capacidade de funcionamento profissional, social e afetivo.

 

A esquizofrenia é uma doença progressiva e, sem tratamento, os surtos se tornam cada vez mais frequentes e deixam cada vez mais sintomas residuais, afetando atividades profissionais e sociais. Em alguns casos, o delírio pode se tornar crônico e passar, de certa forma, a pautar a vida do paciente, ou seja, ele tende a incorporar o delírio ao seu dia a dia e começa a promover mudanças para conviver com ele, o que piora sua qualidade de vida.

 

Importante:

Quando o tratamento começa logo após o primeiro surto, o paciente tende a retomar sua vida normalmente e o risco de novos surtos diminui. Quem já está em tratamento não deve interrompê-lo apenas porque está bem, pois os surtos podem voltar a acontecer.

 

A garantia do direito constitucional à saúde inclui o cuidado à saúde mental. No Brasil, a política de saúde mental é pautada em princípios como a desinstitucionalização, o cuidado em liberdade e os direitos humanos.

Para garantir um cuidado integral, é essencial a organização dos serviços de saúde em uma rede que funcione de maneira conectada e dinâmica. Essa rede de cuidados é como uma teia em cada um dos territórios, onde os diversos serviços de saúde ali existentes estão articulados e trabalham juntos. No Sistema Único de Saúde (SUS) a Rede de Atenção Psicossocial (RAPS) é uma das mais importantes, dedicada a cuidar da saúde mental.

 

A luta contra o estigma é uma responsabilidade compartilhada. Ao unir esforços, é possível construir uma sociedade onde a saúde mental seja incorporada, compreendida e apoiada por todos – promover uma cultura de respeito e solidariedade em relação à saúde mental. Vale ressaltar que o estigma, por si só, pode ser mais persistente e prejudicial do que a própria condição.

 

Fontes:

Agência Câmara de Notícias
Agência Senado
Dr. Dráuzio Varella
Hospital Israelita Albert Einstein/Blog Vida Saudável
Ministério da Saúde
Ordem dos Advogados do Brasil: OAB Nacional

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