03/11 – Dia Mundial e Nacional da Saúde Única 2025

Criado em 2016, o Dia Mundial da Saúde Única celebra sua 10ª edição em 2025, propiciando a organizações, grupos e indivíduos do mundo todo a oportunidade de realizar centenas de eventos para conscientizar sobre o conceito de Saúde Única e as complexas questões que ele aborda na interface entre animais, plantas, seres humanos e meio ambiente.
Este dia especial oferece uma voz poderosa para ir além de abordagens provinciais para doenças infecciosas zoonóticas emergentes, resistência antimicrobiana, mudanças climáticas, poluição ambiental, segurança alimentar, pesquisa comparativa e medicina translacional, entre muitos outros desafios, em direção a uma forma holística de pensar, agir e tomar decisões, sob a perspectiva da Saúde Única, para o benefício de todos.
Assim como nenhuma pessoa, profissão ou disciplina detém o monopólio da Saúde Única, nenhuma organização detém a exclusividade da data – ela pertence ao movimento e à comunidade internacional da Saúde Única.
Seguindo o movimento global, em 2024, no Brasil, a Lei nº 14.792 instituiu o Dia Nacional da Saúde Única, a ser comemorado também em 3 de novembro, todos os anos.
A abordagem “Uma Só Saúde” ou “Saúde Única” é integrada e unificadora, visando equilibrar e otimizar de forma sustentável a saúde de pessoas, animais e ecossistemas. Ela reconhece que a saúde humana, de animais domésticos e selvagens, de plantas e do meio ambiente em geral (incluindo ecossistemas) estão intimamente ligadas e são interdependentes.
Desta forma, mobiliza múltiplos setores, disciplinas e comunidades em diferentes níveis da sociedade para trabalharem juntos na promoção do bem-estar e no combate às ameaças à saúde e aos ecossistemas, ao mesmo tempo em que atende à necessidade coletiva de água, energia e ar limpos, alimentos seguros e nutritivos, ações contra as mudanças climáticas e contribuição para o desenvolvimento sustentável.
O paradigma “Uma Só Saúde” idealiza colaborações inclusivas e em igualdade de condições entre as áreas da saúde animal, vegetal, ambiental e humana, ou seja, cientistas químicos, engenheiros e sociais, dentistas, enfermeiros, agrônomos/horticultores e produtores de alimentos, especialistas em saúde ambiental e da vida selvagem, e muitas outras disciplinas relacionadas se enquadram em seu escopo, tais como:
– Medicina humana;
– Medicina veterinária;
– Saúde ambiental;
– Ecologia;
– Saúde pública;
– Biologia molecular e microbiologia;
– Economia da saúde;
– Medicina translacional.
A saúde humana está relacionada com a saúde animal, vegetal e ambiental:
– Doenças zoonóticas e novas epidemias/pandemias: Doenças zoonóticas são aquelas que podem ser transmitidas entre animais e humanos. Fatores ambientais, climáticos, sociais e econômicos tem profundo impacto na transmissão e na distribuição geográfica dessas doenças.
Segundo a Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA), 60% dos patógenos que causam doenças em humanos tiveram origem em animais; 75% das doenças infecciosas emergentes humanas tem origem animal e 80% dos patógenos com potencial para bioterrorismo são de origem animal. Nesse sentido, patógenos zoonóticos possuem papel importante no surgimento de novas epidemias e pandemias.
– Resistência aos antimicrobianos: A Resistência aos antimicrobianos (RAM) é a capacidade de microrganismos (bactérias, vírus, fungos e parasitas) de sobreviver aos efeitos de medicamentos antimicrobianos (antibióticos, antifúngicos, antivirais, antimaláricos ou anti-helmínticos) por meio de mutações do seu material genético. Esse fenômeno pode ocorrer naturalmente ou ser causado por ações humanas, como o uso incorreto de antibióticos, mudanças no clima e problemas de higiene e saneamento.
O uso exagerado de antimicrobianos e o descarte inadequado de resíduos são os principais fatores que aceleram essa resistência. Por afetar a saúde humana, animal e ambiental, a RAM é tratada na abordagem integrada “Uma Só Saúde”.
– Segurança alimentar e segurança dos alimentos: À medida que a população humana continua a aumentar, enfrentamos desafios crescentes para garantir que as pessoas tenham acesso a alimentos seguros, nutritivos e saudáveis. A maneira como produzimos alimentos impacta diretamente o ambiente, conforme a utilização dos recursos naturais e os impactos derivados das atividades agrícolas e pecuária nos solos, nas águas, na biodiversidade e nos ecossistemas de maneira geral.
Considerando que a origem alimentar humana pode ser de base vegetal e animal, a transformação dos sistemas agroalimentares necessita de boas práticas de produção e de manejo para prevenir, mitigar e gerir o adoecimento de plantas e animais, ao mesmo tempo que se preocupam com a qualidade nutricional, inocuidade e disponibilidade desse alimento para todas as pessoas.
– Biodiversidade, mudanças climáticas e saúde: A biodiversidade (termo que se refere à variedade biológica em todas as suas formas, desde a composição genética das plantas e animais até à diversidade cultural) fornece bens e serviços essenciais à vida na Terra. Seres vivos saudáveis dependem de ecossistemas saudáveis, pois eles fornecem ar puro, água doce, solos equilibrados, medicamentos, alimentos, e outros, além de limitar doenças e estabilizar o clima.
A perda de biodiversidade, impactada pelas alterações no uso e ocupação dos solos, desmatamento, poluição, má qualidade da água, contaminação química e de resíduos, alterações climáticas, perda de habitat e outras situações, podem representar ameaças consideráveis para a saúde humana, animal, vegetal e ambiental.
As mudanças climáticas têm o potencial de minar décadas de progresso na saúde global, afetando a viabilidade e a saúde de todas as formas de vida e influenciando a distribuição de plantas, animais, patógenos, vetores e até mesmo comunidades humanas. Por isso, há uma preocupação crescente com as consequências para a saúde advindas da perda de biodiversidade e das mudanças climáticas.
Ao atuar na implementação de respostas conjuntas aos problemas de saúde, a abordagem de Uma Só Saúde possibilita realizar e aprimorar ações integradas que contribuem coletivamente para:
– Vigilância, prevenção e controle de zoonoses e doenças tropicais negligenciadas e doenças transmitidas por vetores;
– Qualificação da prevenção, preparação e resposta frente a epidemias e pandemias;
– Promoção da segurança alimentar e transformação dos sistemas agroalimentares;
– Combate à resistência aos antimicrobianos;
– Conscientização sobre as relações entre saúde humana, animal, vegetal e ambiental;
– Proteção da biodiversidade e melhoria do gerenciamento dos ecossistemas;
– Enfrentamento e adaptação às mudanças climáticas;
– Controle de contaminantes químicos, biológicos e físicos, entre outras temáticas.
Fontes:
