“Tenha orgulho de sua boca!” 20/3 – Dia Mundial da Saúde Bucal
Todos os anos, no dia 20 de março, pedimos ao mundo que se una para ajudar a reduzir o fardo das doenças bucais que afetam indivíduos, sistemas de saúde e economias em todos os lugares. A campanha visa capacitar as pessoas com conhecimento, ferramentas e confiança para garantir uma boa saúde bucal.
O tema para triênio 2021/2023 tem uma mensagem simples, mas poderosa: tenha orgulho de sua boca. Em outras palavras, valorize e cuide dela. Este ano, o objetivo é inspirar mudanças focando na importância da saúde bucal em todas as fases da vida, porque não importa a idade, cuidar da boca é importante.
O Dia Mundial da Saúde Bucal foi declarado em 2007 e originalmente celebrado em 12 de setembro – a data de nascimento do Dr. Charles Godon, fundador da Fédération Dentaire Internationale (FDI) – atualmente World Dental Federation. No entanto, a campanha não foi totalmente ativada até 2013, depois que a data foi alterada para 20 de março para evitar conflito com o Congresso Mundial de Odontologia da FDI que acontecia em setembro.
A nova data foi escolhida para refletir que:
– Os idosos devem ter um total de 20 dentes naturais no final da vida para serem considerados saudáveis;
– As crianças devem possuir 20 dentes de leite;
– Adultos saudáveis devem ter um total de 32 dentes e 0 cárie dentária;
– Expresso em base numérica, isso pode ser traduzido como 3/20, portanto, 20 de março!
Segundo dados da FDI, mais de 90% da população mundial irá sofrer alguma forma de doença bucal em suas vidas. No Brasil, a cárie dentária continua sendo o principal problema de saúde bucal dos brasileiros. Dados da Pesquisa Nacional de Saúde Bucal (2010) alertam que na idade de 12 anos, o índice de cárie é de 56%. Entre os adultos, cabe destacar uma importantíssima inversão de tendência: as extrações de dentes vêm cedendo espaço aos tratamentos restauradores.
Com a criação do Sistema Único de Saúde (SUS), em 1988, ficou estabelecido que a saúde bucal é parte integrante da saúde geral do indivíduo e está diretamente relacionada às condições de alimentação, moradia, trabalho, renda, meio ambiente, como também ao acesso aos serviços de saúde e à informação, sendo responsabilidade e dever do Estado a sua manutenção.
De acordo com dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), em 1998 aproximadamente 19% da população brasileira nunca tinha ido ao dentista. Já em 2008, dez anos depois, esse porcentual caiu para 11%, com a inclusão de 22 milhões de brasileiros com acesso ao atendimento odontológico.
O Brasil implantou, em 2004, a Política Nacional de Saúde Bucal, que envolveu a ampliação do acesso às ações e serviços de saúde bucal na atenção básica, com a inclusão das equipes de saúde bucal na estratégia de saúde da família e a criação dos centros de especialidade odontológica. Números mais atuais mostram que são, aproximadamente, 24 mil equipes de saúde bucal e 1.120 centros de especialidade odontológica no País.
Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) de 2019 mostram que 34 milhões de brasileiros, com mais de 18 anos, perderam 13 dentes ou mais, e 14 milhões de pessoas perderam todos os dentes. Na mesma pesquisa, o IBGE apontou que menos da metade dos brasileiros consultou um dentista nos 12 meses anteriores ao levantamento.
Para a professora Ana Estela Haddad, da Faculdade de Odontologia da USP, a oportunidade de fazer com que todo conhecimento e evidências científicas produzidos no Brasil sejam revertidos em impacto positivo e relevância social “está na adoção do modelo de atenção à saúde do SUS e na inclusão da saúde bucal neste modelo”. Conta a professora que a abordagem populacional, o fortalecimento das ações de saúde bucal na atenção básica e a atuação a partir da demanda populacional “é o que pode conduzir o País à melhora da saúde bucal da população”.
As doenças bucais são uma grande preocupação de saúde para muitos países e impactam negativamente as pessoas ao longo de suas vidas. Enfermidades bucais causam dor e desconforto, isolamento social e perda de autoconfiança, e muitas vezes estão ligadas a outros problemas graves de saúde. No entanto, não há razão para sofrer: a maioria das condições de saúde bucal são amplamente evitáveis e podem ser tratadas em seus estágios iniciais.
A saúde bucal é um tema de várias faces que inclui a capacidade de falar, sorrir, cheirar, saborear, tocar, mastigar, engolir e transmitir uma série de emoções através de expressões faciais com confiança e sem dor, desconforto ou doença do complexo craniofacial.
Uma boa higiene bucal diminui o risco de desenvolvimento de problemas bucais e dentários. É importante ressaltar que as doenças da boca têm relação direta com o fumo, com o consumo de álcool e com a má alimentação.
Problemas bucais mais comuns:
– Cárie: desintegração do dente provocada pela higiene inadequada, ingestão de doces e carboidratos ou, ainda, por complicações de outras doenças que diminuem a quantidade de saliva na boca. (Ex.: pessoas em tratamento quimioterápico ou radioterápico para o câncer);
– Lesões bucais e aftas: inchaços, manchas ou feridas na boca, língua ou lábios. Podem ser provocadas por herpes labial, candidíase (sapinho) e próteses (dentaduras) mal ajustadas;
– Mau hálito: tem várias causas, dentre elas: higiene bucal inadequada (falta de escovação adequada e falta do uso do fio dental), gengivite, ingestão de certos alimentos como alho ou cebola, tabaco, produtos alcoólicos; boca seca (causada por certos medicamentos, por distúrbios ou por menor produção de saliva durante o sono); doenças sistêmicas como câncer, diabetes, problemas com o fígado e rins.
Além desses fatores, a língua possui diversas papilas gustativas entre as quais se formam criptas, ou seja, saquinhos que retêm resíduos de alimentos, células descamadas que começam a fermentar, formando uma placa bacteriana esbranquiçada que aparece no fundo da língua, em direção à ponta, a chamada saburra lingual, que é, sem dúvida, a principal causa do mau hálito;
– Gengivite: inflamação da gengiva provocada pela placa bacteriana;
– Placa bacteriana: é o conjunto de bactérias que colonizam a cavidade bucal. A placa bacteriana fixa-se principalmente nos locais de difícil limpeza, como a região entre a gengiva e os dentes ou a superfície dos dentes de trás, provocando cáries e formação de tártaro;
– Tártaro: é o endurecimento da placa bacteriana na superfície dos dentes;
– Câncer de boca: (também conhecido como câncer de lábio e cavidade oral) é um tumor maligno que afeta lábios, estruturas da boca, como gengivas, bochechas, céu da boca, língua (principalmente as bordas) e a região embaixo da língua.
Prevenção de problemas bucais:
– Eliminar a placa bacteriana por meio da escovação adequada e do uso do fio dental;
– Limpar a língua, utilizando um raspador, a fim de retirar a saburra lingual;
– Usar racionalmente o açúcar, evitando o consumo excessivo de doces;
– Utilizar adequadamente o flúor, com cremes dentais fluorados;
– Evitar o uso de próteses mal ajustadas;
– Evitar o fumo e o consumo de bebidas alcoólicas;
– Realizar autoexame da boca, com atenção a lesões que permanecem por mais de 14 dias. O câncer de boca é indolor e silencioso. É preciso estar atento a aftas que não cicatrizam e não doem, que podem ocultar a doença;
– Ir ao dentista regularmente.
Fontes:
– Faculdade de Odontologia da USP
– Instituto Nacional do Câncer (INCA)
– Telessaúde Sergipe
– World Oral Health Day