“Acesso para Todos”: 29/10 – Dia Mundial e Nacional da Psoríase


 

A International Federation of Psoriasis Associations (IFPA) convida para o Dia Mundial da Psoríase – uma campanha em que a comunidade global se une, anualmente, para sensibilizar e apelar à ação em apoio às pessoas que vivem com a doença psoriática. O evento ocorre há mais de uma década e é comemorado em mais de 70 países.

Hoje, os tratamentos para a doença psoriática são melhores do que nunca e a investigação sobre cuidados holísticos avança a cada dia. Agora, é preciso garantir que essas terapias cheguem às pessoas certas. Por isso, “Acesso para Todos”, tema de 2023, enfatiza que pessoas que vivem com psoríase merecem ter acesso à cuidados de qualidade, independentemente do seu rendimento ou localização geográfica. No dia 29 de outubro, a comunidade mundial se une para a ação!

 

Psoríase é uma doença auto inflamatória que acomete a pele – relativamente comum, crônica e não contagiosa. Ocorre de forma cíclica, ou seja, apresenta sintomas que desaparecem e reaparecem periodicamente. Por predisposição genética, somada a fatores ambientais ou de comportamento, provoca o aparecimento de lesões avermelhadas e que descamam.

Em até 30% dos pacientes, inflamação similar pode acontecer nas articulações, levando à artrite psoriática, outra manifestação da doença. Também existe associação de psoríase com doenças cardiometabólicas, gastrointestinais, diversos tipos de cânceres e distúrbios do humor, problemas que afetam a qualidade de vida do paciente e que podem, também, dependendo da gravidade, diminuir a expectativa de vida, se não tratados. O mesmo processo de auto inflamação que causa lesões na pele e articulações parece ser o responsável pelo aparecimento destas comorbidades.

Os sintomas da psoríase variam de paciente para paciente, conforme a apresentação e a gravidade da doença, mas podem incluir:

– Manchas vermelhas com escamas secas esbranquiçadas ou prateadas;
– Pequenas manchas brancas ou escuras residuais após melhora das lesões avermelhadas;
– Pele ressecada e rachada; às vezes, com sangramento;
– Coceira, queimação e dor;
– Unhas grossas, descoladas, amareladas e com alterações da sua forma (com sulcos e depressões);
– Inchaço e rigidez nas articulações; em casos mais graves, destruição das articulações e deformidades.

Em casos de psoríase leve pode haver apenas um desconforto por causa dos sintomas; nos casos mais graves tende a ser dolorosa e provocar alterações que impactam significativamente na qualidade de vida e na autoestima do paciente. Assim, o ideal é procurar tratamento o quanto antes.

Alguns fatores podem aumentar as chances de uma pessoa desenvolver a doença ou piorar o quadro clínico já existente, dentre eles:

– Histórico familiar: entre 30% e 40% dos pacientes de psoríase sabem ter familiar de primeiro grau com a doença;
– Estresse: um número expressivo de pacientes refere o aparecimento ou agravamento das lesões após estresse agudo ou crônico, como perda de um familiar, por exemplo;
– Obesidade: excesso de peso pode aumentar o risco de desenvolver psoríase e pacientes com o problema tendem a apresentar peso acima do ideal:
– Tempo frio: como a pele fica mais ressecada, aumenta a chance de aparecimento de lesões;
– Infecções diversas;
– Medicamentos, sendo os mais comuns os antimaláricos (ex. cloroquina), medicamentos para tratar hipertensão (ex. propranolol e outros betabloqueadores) e lítio (para tratamento do transtorno bipolar);
– Consumo de bebidas alcoólicas e tabagismo: tendem a piorar as lesões existentes.

Há vários tipos de psoríase, sendo necessário procurar um dermatologista especializado no tratamento da doença para poder identificar, classificar e indicar a melhor opção terapêutica caso a caso.

Tipos de psoríase:

– Psoríase em placas ou vulgar: apresentação mais comum da doença. Forma placas secas, avermelhadas com escamas prateadas ou esbranquiçadas. Essas placas podem coçar e, algumas vezes, doer. São mais comuns nos joelhos, cotovelos, couro cabeludo, região lombar e cicatriz umbilical, mas podem atingir qualquer parte do corpo, inclusive genitais. Em casos graves, a pele pode rachar e sangrar.

– Psoríase ungueal: pode afetar tanto as unhas das mãos quanto dos pés. Faz com que a unha cresça de forma anormal, engrosse, escame, mude de cor e até se deforme. Em alguns casos, a unha chega a descolar do leito.

– Psoríase do couro cabeludo: surgem áreas avermelhadas com escamas espessas branco-prateadas, principalmente após coçar, o que é característico nesta localização. O paciente pode perceber os flocos de pele morta em seus cabelos ou em seus ombros, especialmente depois de coçar o couro cabeludo. Assemelha-se à caspa.

– Psoríase gutata: geralmente é desencadeada por infecções bacterianas, como as de garganta. É caracterizada por pequenas feridas, em forma de gota no tronco, nos braços, nas pernas e no couro cabeludo. As feridas são cobertas por uma fina escama, diferente das placas típicas da psoríase que são grossas. Este tipo acomete mais crianças e jovens antes dos 30 anos e pode melhorar espontaneamente.

– Psoríase invertida: atinge principalmente dobras e áreas úmidas, como axilas, virilhas e embaixo dos seios. São manchas inflamadas e vermelhas, sem a descamação grosseira que existe nas lesões no resto do corpo. O quadro pode agravar em pessoas obesas ou quando há sudorese excessiva e atrito na região.

– Psoríase pustulosa: nesta forma de psoríase, podem ocorrer pústulas (pequena bolha que parece conter pus) sobre a pele que fica intensamente avermelhada. Pode ocorrer em todas as partes do corpo ou em áreas específicas, como mãos, pés ou dedos (chamada de psoríase palmo plantar). Geralmente, se desenvolve rápido, com bolhas de pus que aparecem poucas horas depois de a pele tornar-se vermelha. As bolhas secam dentro de um dia ou dois, mas podem reaparecer durante dias ou semanas. A psoríase pustulosa generalizada pode causar febre, calafrios, coceira intensa e fadiga. É uma apresentação grave da doença que pode trazer risco de morte se não for tratada de forma adequada.

– Psoríase eritrodérmica: é o tipo menos comum. Acomete todo o corpo com manchas vermelhas que podem coçar ou arder intensamente, levando a manifestações como febre e calafrios. Ela pode ser desencadeada por queimaduras graves, tratamentos intempestivos (como uso ou retirada abrupta de corticosteroides), infecções ou por outro tipo de psoríase mal controlada. Também é uma forma grave da psoríase e muitas vezes é preciso internação hospitalar para seu controle.

Psoríase artropática: Manifestação da psoríase nas articulações. Causa fortes dores nas articulações, mais comumente ao iniciar o movimento da articulação e tende a melhorar com o movimento contínuo. Pode causar rigidez progressiva e até deformidades permanentes. Afeta qualquer articulação do corpo, inclusive a coluna vertebral.

Tratamento:

Cada tipo e gravidade de psoríase pode responder melhor ao tratamento (ou a uma combinação de terapias). O que funciona bem para uma pessoa não necessariamente funcionará para outra. Dessa forma, o tratamento da psoríase é individualizado.

Hoje, com as diversas opções terapêuticas disponíveis, já é possível viver com uma pele sem ou quase sem lesões, independentemente da gravidade da psoríase.

O tratamento é essencial para manter uma boa qualidade de vida. Nos casos leves, hidratar a pele, aplicar medicamentos tópicos apenas na região das lesões e exposição solar orientada por dermatologista podem ser suficientes para melhorar o quadro clínico e promover o desaparecimento dos sintomas.

Atualmente, o tratamento da psoríase no Sistema Único de Saúde (SUS) tem como objetivo ajudar os pacientes a alcançarem períodos prolongados de remissão da doença. São ofertados tratamentos com fototerapia e fototerapia com fotossensibilização, além de medicamentos.

Prevenção:

Um estilo de vida saudável pode ajudar na diminuição da progressão ou melhora da psoríase, mas pessoas que possuem histórico familiar da doença devem ter atenção redobrada a possíveis sintomas. É importante estar atento aos sinais e ao perceber qualquer um dos sintomas, procurar o dermatologista imediatamente. Quanto mais precoce for o diagnóstico, mais fácil será o tratamento.

Recomendações:

– Hidratar muito bem a pele para evitar seu ressecamento excessivo;
– Expor-se com cuidado e moderação ao sol, sempre com a utilização de creme hidratante ou terapêutico;
– Evitar a ingestão de bebidas alcoólicas;
– Procurar não se desgastar emocionalmente. O estresse tem papel importante no aparecimento das lesões. Como não é uma tarefa fácil, pode ser necessário ajuda profissional;
– Não evitar encontros sociais e de lazer por causa das lesões. Psoríase não é contagiosa e, ao se afastar de tudo e de todos, pode comprometer o estado emocional e aumentar o problema;
– Visitar regularmente o dermatologista e seguir à risca suas orientações vai ajudar a controlar as crises.

 

Fontes:

International Federation of Psoriasis Associations (IFPA)
Ministério da Saúde
Psoríase Brasil
Sociedade Brasileira de Dermatologia

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