“Comunidades Liderando”: 01/12 – Dia Mundial da Aids


 

O Dia Mundial da Aids é uma oportunidade para refletir sobre os progressos alcançados, aumentar a consciencialização sobre os desafios que permanecem para alcançar os objetivos de acabar com a Aids até 2030 e mobilizar todas as partes interessadas para redobrarem conjuntamente os esforços a fim de garantir o sucesso da resposta ao HIV.

Em 2023, a data é mais do que uma celebração das conquistas das comunidades: é um apelo à ação para capacitá-las e apoiá-las nos seus papéis de liderança. Comunidades conectam os serviços de saúde pública com as pessoas, colocando-as no centro da resposta, constroem confiança, inovam, monitoram a implementação de políticas e serviços, e responsabilizam os setores provedores.

Mas, por diversos fatores, as comunidades estão sendo impedidas em sua liderança. Falta de financiamento, obstáculos políticos e regulatórios, limitações de capacidade e repressão à sociedade civil e aos direitos humanos de comunidades marginalizadas obstruem o progresso dos serviços de prevenção e tratamento do HIV, são alguns desses fatores.

Com o fim desses obstáculos as organizações lideradas pela comunidade podem dar ainda mais ímpeto à resposta global ao HIV, avançando no progresso em direção ao fim da aids.

Na região da América Latina e Caribe (ALC), cerca de 2,5 milhões de pessoas vivem com o HIV. Em 2022, aproximadamente 130.000 pessoas adquiriram o vírus e 33.000 perderam a vida por causas relacionadas à aids. O número de novas infecções entre populações-chave (homens gays e bissexuais, homens que fazem sexo com homens, trabalhadores sexuais, pessoas trans, usuários de drogas e pessoas em prisões) é significativamente maior do que na população em geral.

Dados do Ministério da Saúde demonstram que de 1980 a junho de 2022, foram identificados 1.088.536 casos de aids no Brasil. O país tem registrado, anualmente, uma média de 36,4 mil novos casos nos últimos cinco anos.

Desde o início da epidemia de aids, em 1980, até 31 de dezembro de 2021, foram notificados 371.744 óbitos tendo o HIV/aids como causa básica, no país.

Informações divulgadas em apresentação do boletim epidemiológico sobre HIV/aids, em 30/11, véspera do Dia Mundial da Aids, reforçam a necessidade de considerar os determinantes sociais para respostas efetivas à infecção e à doença, além de incluir populações chave e prioritárias esquecidas pelas políticas públicas nos últimos anos.

Para 2023, a pasta lançou na TV aberta, nas redes sociais e em locais de grande circulação de pessoas em todo país a campanha de conscientização com o tema “Existem vários jeitos de amar e vários de se proteger do HIV”, reiterando a importância do cuidado.

 

Aids é a doença causada pela infecção do Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV na sigla em inglês). Esse vírus ataca o sistema imunológico, que é responsável por defender o organismo de doenças. As células mais atingidas são os linfócitos T CD4+. O vírus é capaz de alterar o DNA dessas células e fazer cópias de si mesmo. Depois de se multiplicar, rompe os linfócitos em busca de outros para continuar a infecção.

A transmissão do HIV e, por consequência, da aids, acontece das seguintes formas:

– Sexo vaginal sem camisinha;
– Sexo anal sem camisinha;
– Sexo oral sem camisinha;
– Uso de seringa por mais de uma pessoa;
– Transfusão de sangue contaminado;
– Da mãe infectada para seu filho durante a gravidez, o parto e a amamentação;
– Instrumentos que furam ou cortam, não esterilizados.

Sintomas:

Na primeira fase, chamada de infecção aguda, ocorre a incubação do HIV – tempo que decorre entre a exposição ao vírus até o surgimento dos sinais da doença. Os primeiros sintomas são muito parecidos com os de uma gripe, como febre e mal-estar. Por isso, a maioria dos casos passa despercebida.

A próxima fase é marcada pela forte interação entre as células de defesa e as constantes e rápidas mutações do vírus. Esse período, que pode durar muitos anos, é chamado de assintomático.

Com o frequente ataque, as células de defesa começam a funcionar com menos eficiência até serem destruídas. O organismo fica cada vez mais fraco e vulnerável a infecções comuns.

Os sintomas que comumente aparecem nessa fase são: febre, diarreia, suores noturnos e emagrecimento.

A baixa imunidade permite o aparecimento de doenças oportunistas, que recebem esse nome por se aproveitarem da fraqueza do organismo. Com isso, atinge-se o estágio mais avançado da doença, a aids.

Quem chega a essa fase, por não saber da sua infecção ou por não seguir o tratamento indicado pela equipe de saúde, pode sofrer de hepatites virais, tuberculose, pneumonia, toxoplasmose e alguns tipos de câncer.

Diagnóstico:

O diagnóstico da infecção pelo HIV é feito a partir da coleta de sangue ou fluido oral. Estão disponíveis os exames laboratoriais e os testes rápidos, que detectam os anticorpos contra o HIV em cerca de 30 minutos. Esses testes são realizados gratuitamente pelo SUS, nas unidades da rede pública e nos Centros de Testagem e Aconselhamento (CTA).

Tratamento:

Todas as pessoas diagnosticadas com HIV têm direito a iniciar o tratamento com antirretrovirais imediatamente e, assim, poupar o seu sistema imunológico. Esses medicamentos impedem que o vírus se replique dentro das células T-CD4+ e evitam, assim, que a imunidade diminua e que a aids se instale.

Os medicamentos antirretrovirais (ARV) surgiram na década de 1980 e atuam para impedir a multiplicação do HIV no organismo. Eles ajudam a evitar o enfraquecimento do sistema imunológico e seu uso regular é fundamental para aumentar o tempo e a qualidade de vida das pessoas que vivem com HIV, reduzindo o número de internações e infecções por doenças oportunistas.

No Brasil, desde 1996, o SUS distribui gratuitamente os medicamentos para tratar HIV/aids.

Prevenção:

A melhor técnica de evitar a infecção pelo HIV e a aids é a prevenção combinada, que consiste no uso simultâneo de diferentes abordagens, aplicadas em diversos níveis para responder às necessidades específicas de determinados segmentos populacionais e das diferentes formas de transmissão do vírus.

Por isso, se alguém passar por uma situação de risco, como ter feito sexo desprotegido ou compartilhado seringas, deve fazer o teste de HIV. Caso a exposição sexual de risco tenha acontecido há menos de 72 horas, a pessoa deve informar-se junto ao serviço de saúde sobre a Profilaxia Pós-Exposição ao HIV (PEP).

A prevenção combinada baseia-se em:

Intervenções biomédicas: ações voltadas à redução do risco de exposição, mediante intervenção na interação entre o HIV e a pessoa passível de infecção. Essas estratégias podem ser divididas em dois grupos: intervenções biomédicas clássicas, que empregam métodos de barreira física ao vírus, já largamente utilizados no Brasil; e intervenções biomédicas baseadas no uso de antirretrovirais (ARV).

Como exemplo do primeiro grupo, tem-se a distribuição de preservativos masculinos e femininos e de gel lubrificante. Os exemplos do segundo grupo incluem o Tratamento para Todas as Pessoas – TTP, a Profilaxia Pós-Exposição – PEP e a Profilaxia Pré-Exposição – PrEP.

Intervenções comportamentais: ações que contribuem para o aumento da informação e da percepção do risco de exposição ao HIV e para sua consequente redução, mediante incentivos às mudanças de comportamento da pessoa e da comunidade ou grupo social em que ela está inserida.

Como exemplos, podem ser citados: incentivo ao uso de preservativos masculinos e femininos, aconselhamento sobre HIV/aids e outras ISTs, incentivo à testagem, adesão às intervenções biomédicas, vinculação e retenção nos serviços de saúde, redução de danos para as pessoas que usam álcool e outras drogas e estratégias de comunicação e educação entre pares.

Intervenções estruturais: ações voltadas aos fatores e condições socioculturais que influenciam diretamente a vulnerabilidade de indivíduos ou grupos sociais específicos ao HIV, envolvendo preconceito, estigma, discriminação ou qualquer outra forma de alienação dos direitos e garantias fundamentais à dignidade humana.

Podem ser enumerados como exemplos: ações de enfrentamento ao racismo, sexismo, LGBTfobia e demais preconceitos, promoção e defesa dos direitos humanos, campanhas educativas e de conscientização.

 

Fontes:

Governo do Estado de São Paulo
Ministério da Saúde
Organização das Nações Unidas para a Aids (UNAIDS): Brasil
Organização Mundial da Saúde (OMS)
Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS)

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