Hepatite D passou a ser classificada como cancerígena


 

A Agência Internacional de Pesquisa sobre o Câncer (IARC) classificou recentemente a hepatite D como cancerígena para humanos, assim como as hepatites B e C. A hepatite D, que afeta apenas indivíduos infectados pelo vírus da hepatite B, está associada a um risco de câncer de fígado de duas a seis vezes maior em comparação com a hepatite B isoladamente. Essa reclassificação marca um passo crucial nos esforços globais para aumentar a conscientização, aprimorar o rastreamento e expandir o acesso a novos tratamentos para a hepatite D.

“A OMS publicou diretrizes sobre testes e diagnóstico de hepatite B e D em 2024 e está acompanhando ativamente os resultados clínicos de tratamentos inovadores para hepatite D”, disse a Dra. Meg Doherty, nova Diretora de Ciência para a Saúde da OMS.

O tratamento com medicamentos orais pode curar a hepatite C em 2 a 3 meses e suprimir eficazmente a hepatite B com terapia para toda a vida. As opções de tratamento para a hepatite D estão evoluindo. No entanto, o benefício total da redução das mortes por cirrose hepática e câncer só pode ser alcançado por meio de ações urgentes para ampliar e integrar os serviços de hepatite – incluindo vacinação, testagem, redução de danos e tratamento – aos sistemas nacionais de saúde.

 

Últimos dados e progresso

É encorajador que a maioria dos países de baixa e média renda (PBMR) tenham planos estratégicos sobre hepatite em vigor e o progresso nas respostas nacionais à hepatite esteja aumentando:

– Em 2025, o número de países que relataram planos nacionais de ação contra a hepatite aumentou de 59 para 123;

– Em 2025, 129 países adotaram políticas para testes de hepatite B entre mulheres grávidas, um aumento em relação aos 106 relatados em 2024; e

– 147 Países introduziram a vacinação contra hepatite B na dose de nascimento, um aumento de 138 em 2022.

No entanto, ainda existem lacunas críticas na cobertura dos serviços e nos resultados, conforme declarado no Relatório Global sobre Hepatite de 2024:

A cobertura de testes e tratamento continua criticamente baixa; apenas 13% das pessoas com hepatite B e 36% das com hepatite C foram diagnosticadas até 2022.

As taxas de tratamento foram ainda menores – 3% para hepatite B e 20% para hepatite C – bem abaixo das metas para 2025 de 60% de diagnóstico e 50% de tratamento.

A integração dos serviços de hepatite permanece desigual: 80 países incorporaram serviços de hepatite à atenção primária à saúde; 128 a programas de HIV e apenas 27 integraram serviços de hepatite C a centros de redução de danos.

O próximo desafio será ampliar a implementação da cobertura de prevenção, testagem e tratamento. Alcançar as metas da OMS para 2030 poderia salvar 2,8 milhões de vidas e prevenir 9,8 milhões de novas infecções. Com o declínio do apoio de doadores, os países devem priorizar investimentos nacionais, serviços integrados, dados mais precisos, medicamentos acessíveis e o fim do estigma.

 

Fonte:

Rede Internacional de Educação de Técnicos em Saúde (RETS) / Fiocruz

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