Julho Amarelo – Mês de Luta Contra as Hepatites Virais 2025


 

A campanha “Julho Amarelo – Mês de luta contra as hepatites virais” foi instituída pela Lei nº 13.802/2019, alterada pela Lei nº 14.613/2023. Constitui-se de um conjunto de atividades e de mobilizações direcionadas ao enfrentamento das hepatites virais, com foco na conscientização, na prevenção, na assistência, na proteção e na promoção dos direitos humanos, em consonância com os princípios do Sistema Único de Saúde (SUS), de modo integrado, em toda a administração pública e fundamentalmente com instituições da sociedade civil organizada e com organismos internacionais.

 

As hepatites virais são infecções que atingem o fígado, causando alterações leves, moderadas ou graves. Na maioria das vezes, são infecções silenciosas, ou seja, não apresentam sintomas. Algumas são causadas por vírus e outras pelo uso de medicamentos, álcool e outras drogas, assim como por doenças autoimunes, metabólicas ou genéticas.

As infecções causadas pelos vírus das hepatites B ou C frequentemente se tornam crônicas. Contudo, por nem sempre apresentarem sintomas, grande parte das pessoas desconhece ter a infecção. Isso faz com que a doença possa evoluir por décadas sem o devido diagnóstico. O avanço da infecção compromete o fígado sendo causa de fibrose avançada ou de cirrose, que podem levar ao desenvolvimento de câncer e à necessidade de transplante do órgão.

A doença representa um grave problema de saúde pública no Brasil e no mundo, acarretando aproximadamente 1,4 milhão de mortes globais por ano, seja por infecção aguda, câncer hepático ou cirrose associada às hepatites virais. A taxa de mortalidade da hepatite C, por exemplo, pode ser comparada a do HIV e da tuberculose.

No País, as hepatites virais mais comuns são causadas pelos vírus A, B e C. Existem ainda, o vírus da hepatite D (mais comum na região Norte do país) e o vírus da hepatite E, que é menos frequente no Brasil, sendo encontrado com maior facilidade na África e na Ásia.

No período de 2000 a 2022, foram diagnosticados, no Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan), 750.651 casos confirmados de hepatites virais no Brasil. Destes, 169.094 (22,5%) são referentes aos casos de hepatite A, 276.646 (36,9%) aos de hepatite B, 298.738 (39,8%) aos de hepatite C, 4.393 (0,6%) aos de hepatite D e 1.780 (0,2%) aos de hepatite E.

A distribuição proporcional dos casos variou entre as cinco regiões brasileiras. A região Nordeste concentra a maior proporção das infecções pelo vírus A (30,0%). Na região Sudeste, verificam-se as maiores proporções dos vírus B e C, com 34,2% e 58,3%, respectivamente. Por sua vez, a região Norte acumula 73,1% do total de casos de hepatite D (ou Delta).

No período de 2000 a 2021, foram identificados, no Brasil, pelo Sistema de Informação de Mortalidade (SIM), 85.486 óbitos por causas básicas e associadas às hepatites virais dos tipos A, B, C e D. Desses óbitos, 1,5% foram associados à hepatite viral A; 21,5% à hepatite B; 76,1% à hepatite C e 0,9% à hepatite D.

 

Tipos de hepatite:

Hepatite A: infecção causada pelo vírus A (HAV) da hepatite, também conhecida como “hepatite infecciosa”. Na maioria dos casos, a hepatite A é uma doença de caráter benigno, contudo o curso sintomático e a letalidade aumentam com a idade. Saiba mais sobre a hepatite A!

Hepatite B: infecção crônica de relevância em saúde pública, causada pelo vírus da hepatite B (HBV). Frequentemente chamada de “doença silenciosa”, a hepatite B pode não apresentar sintomas nas fases iniciais, o que dificulta o diagnóstico precoce. Quando não tratada, especialmente em sua forma crônica, pode evoluir para complicações graves, como cirrose, insuficiência hepática e até câncer de fígado. Saiba mais sobre a hepatite B!

Hepatite C: processo infeccioso e inflamatório causado pelo vírus C (HCV) da hepatite e que pode se manifestar na forma aguda ou crônica, sendo esta segunda a forma mais comum. A hepatite crônica pelo HCV é uma doença de caráter silencioso que evolui sorrateiramente e se caracteriza por um processo inflamatório persistente no fígado. Saiba mais sobre a hepatite C!

Hepatite D: também chamada de Delta, é causada pelo vírus HDV. Esse vírus depende da presença da infecção pelo vírus HBV (hepatite B) para infectar um indivíduo. Existem duas formas de infecção pelo HDV: co-infecção simultânea com o HBV e superinfecção do HDV em um indivíduo com infecção crônica pelo HBV. Saiba mais sobre a hepatite D!

Hepatite E: infecção causada pelo vírus E (HEV). O vírus causa hepatite aguda de curta duração e autolimitada, sendo, na maioria dos casos, uma doença de caráter benigno. Entretanto, ocasionalmente, é possível que o paciente desenvolva hepatite fulminante, que pode ser fatal. Saiba mais sobre a hepatite E!

 

Sintomas:

Na maioria das vezes as hepatites são infecções silenciosas, ou seja, não apresentam sintomas. Entretanto, quando presentes, podem se manifestar como: cansaço, febre, mal-estar, tontura, enjoo, vômitos, dor abdominal, pele e olhos amarelados, urina escura e fezes claras.

 

Transmissão:

As hepatites virais podem ser transmitidas pelo contágio fecal-oral, especialmente em locais com condições precárias de saneamento básico e água, de higiene pessoal e dos alimentos; pela relação sexual desprotegida; pelo contato com sangue contaminado, através do compartilhamento de seringas, agulhas, lâminas de barbear, alicates de unha e outros objetos perfuro-cortantes; da mãe para o filho durante a gravidez (transmissão vertical); e por meio de transfusão de sangue ou hemoderivados.

O contágio via transfusão de sangue já foi muito comum no passado, mas, atualmente é considerado raro, tendo em vista o maior controle e a melhoria das tecnologias de triagem de doadores, além da utilização de sistemas de controle de qualidade mais eficientes.

 

Prevenção da hepatite A:

– A vacina contra a hepatite A é altamente eficaz e segura e é a principal medida de prevenção;

– Lavar as mãos com frequência, especialmente após o uso do sanitário, trocar fraldas e antes do preparo de alimentos;

– Utilizar água tratada, clorada ou fervida para lavar os alimentos que são consumidos crus, deixando-os de molho por 30 minutos;

– Cozinhar bem os alimentos antes de consumi-los, principalmente mariscos, frutos do mar e peixes;

– Lavar adequadamente pratos, copos, talheres e mamadeiras;

– Usar instalações sanitárias;

– No caso de creches, pré-escolas, lanchonetes, restaurantes e instituições fechadas, adotar medidas rigorosas de higiene, tais como a desinfecção de objetos, bancadas e chão, utilizando hipoclorito de sódio a 2,5% ou água sanitária;

– Não tomar banho ou brincar perto de valões, riachos, chafarizes, enchentes ou próximo de onde haja esgoto;

– Evitar a construção de fossas próximas a poços e nascentes de rios;

– Usar preservativos e higienizar as mãos, genitália, períneo e região anal, antes e após as relações sexuais.

 

Prevenção da hepatite B:

A vacina é a principal medida de prevenção contra a hepatite B, sendo extremamente eficaz e segura; usar preservativo em todas as relações sexuais; não compartilhar objetos de uso pessoal, tais como lâminas de barbear e depilar, escovas de dente, material de manicure e pedicure, equipamentos para uso de drogas, confecção de tatuagem e colocação de piercings.

A testagem das mulheres grávidas ou com intenção de engravidar também é fundamental para prevenir a transmissão da mãe para o bebê. A profilaxia para a criança após o nascimento reduz drasticamente o risco de transmissão vertical.

 

Prevenção da hepatite C:

Não existe vacina contra a hepatite C. Para evitar a infecção é importante:

Não compartilhar com outras pessoas qualquer objeto que possa ter entrado em contato com sangue (seringas, agulhas, alicates, escova de dente, etc.); usar preservativo nas relações sexuais; não compartilhar quaisquer objetos utilizados para o uso de drogas; toda mulher grávida precisa fazer no pré-natal os exames para detectar as hepatites B e C, HIV e sífilis. Em caso de resultado positivo, é necessário seguir todas as recomendações médicas. O tratamento da hepatite C não está indicado para gestantes, mas após o parto a mulher deverá ser tratada.

 

Prevenção da hepatite D:

A hepatite D ocorre em pacientes infectados com o tipo B, portanto, a vacina contra a hepatite B, protege também contra o tipo D.

 

Prevenção da hepatite E:

A melhor forma de evitar a doença é melhorando as condições de saneamento básico e de higiene, tais como as medidas para prevenir a hepatite do tipo A.

 

Fontes:

Ministério da Saúde
Ministério da Saúde. Boletim Epidemiológico Hepatites Virais 2023

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