“Não se choque. Eletricidade queima”: 06/6 – Dia Nacional de Luta Contra Queimaduras


 

O Dia Nacional de Luta Contra Queimaduras é uma data comemorativa instituída pela Lei nº 12.026/2009, com o objetivo de divulgar as medidas preventivas necessárias à redução da incidência de acidentes envolvendo queimados.

As atividades da campanha são focadas em disseminar cuidados essenciais e preventivos contra queimaduras, tendo como alvo a população geral, já que a maioria dos acidentes desse tipo ocorre em ambiente doméstico, em atividades corriqueiras.

 

Queimaduras são lesões causadas, na maioria das vezes, por agentes térmicos, químicos, elétricos ou radioativos. Ocorrem nos tecidos de revestimento do corpo, provocando destruição parcial ou total da pele e seus anexos, podendo atingir camadas mais profundas, como tecido celular subcutâneo, músculos, tendões e ossos.

As queimaduras são classificadas de acordo com a sua profundidade e tamanho, sendo geralmente mensuradas pelo percentual da superfície corporal acometida.

Queimaduras de 1º grau: também chamadas de queimaduras superficiais, são aquelas que envolvem apenas a epiderme, a camada mais superficial da pele. Os sintomas são intensa dor e vermelhidão local, mas com palidez na pele quando se toca. A lesão da queimadura de 1º grau é seca e não produz bolhas. Geralmente melhoram no intervalo de 3 a 6 dias, podendo descamar e não deixam sequelas.

Queimaduras de 2º grau: atualmente dividem-se em 2º grau superficial e 2º grau profundo. A de 2º grau superficial é aquela que envolve a epiderme e a porção mais superficial da derme. Os sintomas são os mesmos da queimadura de 1º grau, incluindo ainda o aparecimento de bolhas e uma aparência úmida da lesão. A cura é mais demorada podendo levar até 3 semanas, não costuma deixar cicatriz, mas o local da lesão pode ficar mais claro.

As queimaduras de 2º grau profundas são as que acometem toda a derme, sendo semelhantes às queimaduras de 3º grau. Como há risco de destruição das terminações nervosas da pele, este tipo de queimadura, que é bem mais grave, pode até ser menos doloroso que as queimaduras mais superficiais. As glândulas sudoríparas e os folículos capilares também podem ser destruídos, fazendo com a pele fique seca e perca seus pelos. A cicatrização demora mais que 3 semanas e costuma deixas cicatrizes.

Queimaduras de 3º grau: são queimaduras profundas que acometem toda a derme e atingem tecidos subcutâneos, com destruição total de nervos, folículos pilosos, glândulas sudoríparas e vãos capilares sanguíneos, podendo inclusive atingir músculos e estruturas ósseas. São lesões esbranquiçadas/acinzentadas, secas, indolores e deformantes, que não curam sem apoio cirúrgico, necessitando de enxertos.

 

Acidentes envolvendo queimados acometem 1 milhão de pessoas, anualmente, no mundo inteiro. No Brasil, são cerca de 150 mil internações por ano e as crianças representam 30% desse número.

Dados do Departamento de Informática do SUS (DATASUS) mostram que, no período de março de 2021 a março de 2022, houve cerca de 2.300 internações hospitalares em crianças de 0 a 14 anos, por contato com água ou outros líquidos ferventes, sendo o maior grupo de risco o de crianças entre 1 e 4 anos de idade.

A Sociedade Brasileira de Queimaduras (SBQ) promove anualmente a campanha Junho Laranja com o objetivo de alertar a população e as autoridades sobre os riscos de acidentes com queimaduras e os traumas que podem causar. Neste ano, o tema trata das queimaduras provocadas por eletricidade e tem como slogan “Não se choque. Eletricidade queima”.

A cor laranja, adotada como símbolo, representa a energia e a atenção necessárias para combater esse grave problema de saúde pública, explica o presidente da SBQ, Marcus Barroso.

A escolha do tema veio após a divulgação dos dados do Boletim Epidemiológico n° 47, de dezembro de 2022, do Ministério da Saúde, que alertaram para a necessidade de medidas incisivas que diminuam as taxas de acidentes elétricos.

Considerando que no período de 2015 a 2020 ocorreram 19.772 óbitos por queimaduras no Brasil e que a eletricidade, um único agente etiológico, foi responsável por 9.117 óbitos, correspondendo a 46,1% do total, alerta ainda para o potencial de causar o óbito imediato no momento do trauma, correspondendo a 70% desses óbitos devido à queimadura elétrica; a capacidade de levar a sequelas importantes, incluindo grandes amputações.

A faixa etária mais acometida (20 a 59 anos), relacionada à atividade produtiva ou laboral, tem na construção civil informal importante papel.

“O tema é de grande importância, alcança todos os setores da sociedade, onde a população convive com uso de eletricidade irregular, carregadores de celular deixados conectados em tomadas, setores comercial e industrial com riscos em ambiente de trabalho, uso de fios não adequados, gerando risco de incêndio”, observa a vice-presidente da SBQ, Kelly Danielle de Araújo. Ela diz, ainda, que se soma a isso o hábito do brasileiro de fazer seus próprios reparos e ligações elétricas, nem sempre considerando as medidas de segurança.

Elementos perigosos e com risco de provocar queimaduras:

– Fósforos;
– Botijão de gás;
– Líquidos quentes (água fervendo, panela com sopa, café, chá, etc.);
– Pipas;
– Panelas de pressão;
– Garrafas com álcool;
– Fogueiras;
– Fogos de artifício;
– Balões;
– Fios elétricos;
– Forno a gás ou micro-ondas;
– Velas;
– Ferro de passar;
– Substâncias corrosivas ou inflamáveis (gasolina, querosene, etc.).

Orientações gerais:

– Se estiver em um local que esteja pegando fogo, abaixe-se, coloque um pano molhado na frente da boca e nariz e respire normalmente enquanto engatinha para a saída.

– Se pegar fogo nas roupas e não houver água ou um extintor por perto, cubra o rosto com as mãos, deite-se e role até apagar as chamas. Caso tenha água por perto, como uma piscina, pule imediatamente para apagar as chamas. No caso de haver fios elétricos por perto, não use água e, sim, o extintor.

Cuidados simples podem evitar grandes complicações:

– Ao utilizar o fogão, colocar as panelas com os cabos voltados para a parte de trás do fogão; usar preferencialmente as bocas de trás, evitando que as crianças consigam “puxar” as panelas para si; o melhor é não deixar as crianças entrarem na cozinha enquanto estiver cozinhando.
– Evitar o uso do fósforo e não acender velas em casa.
– Não manipular álcool líquido ou outras substâncias inflamáveis; se houver necessidade, que seja longe do fogo.
– Manter produtos químicos em local elevado e fechado, longe do alcance das crianças.
– Manter o ferro de passar longe do alcance das crianças.
– No período de festas juninas, evitar fogueiras e fogos de artifício.

Primeiros cuidados com as queimaduras:

– Colocar a parte queimada debaixo da agua corrente fria, com jato suave, por aproximadamente dez minutos.
– Compressas úmidas e frias também são indicadas.
– Se houver poeira ou insetos no local, mantenha a queimadura coberta com pano limpo e úmido.
– Não tocar a queimadura com as mãos;
– Não furar as bolhas;
– Não tentar descolar tecidos grudados na pele queimada;
– Não tentar retirar corpos estranhos ou graxa do local queimado;
– Não colocar manteiga, pó de café, creme dental ou qualquer outra substância na queimadura – somente o médico sabe o que deve ser aplicado sobre o local afetado.

E em caso de situação grave, o Corpo de Bombeiros (193) ou o Samu (192) devem ser contatados.

 

Fontes:

Conselho Regional de Enfermagem do Mato Grosso do Sul
Corpo de Bombeiros Militar do Estado do Ceará
Grupo Hospitalar Conceição
Ministério da Saúde/Confederação Nacional dos Transportes
Sociedade Brasileira de Queimaduras
Sociedade de Pediatria de São Paulo

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