OMS lança estrutura global de monitoramento das CCNTs com ênfase em 22 indicadores centrais
A Organização Mundial da Saúde (OMS) acaba de lançar uma nova publicação técnica que propõe um sistema global padronizado para o monitoramento das Condições Crônicas Não Transmissíveis (CCNTs) nos serviços de saúde. A ferramenta busca apoiar os países no fortalecimento da atenção primária e no avanço rumo à meta 3.4 dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), que prevê a redução em um terço da mortalidade prematura por CCNTs até 2030.
O conjunto proposto é composto por 81 indicadores validados, desenvolvidos a partir de revisão sistemática da literatura e ampla consulta a especialistas internacionais. Desses, 22 são considerados indicadores centrais, ou seja, essenciais para o monitoramento da qualidade e cobertura do cuidado, mesmo em sistemas de saúde com recursos limitados. Os demais 59 indicadores são opcionais e oferecem informações complementares importantes para países e regiões com maior capacidade instalada.
Os 22 indicadores centrais:
Os indicadores centrais foram selecionados com base em sua relevância, viabilidade de coleta e capacidade de representar os três eixos do modelo de Donabedian: estrutura, processo e resultado. Eles estão organizados por grupos de condições de saúde prioritárias, incluindo hipertensão, diabetes, condições respiratórias crônicas, cânceres e indicadores transversais.
Hipertensão e condições cardiovasculares:
– Disponibilidade de medicamentos essenciais para hipertensão;
– Disponibilidade de medicamentos essenciais para condições cardiovasculares;
– Presença de equipamento funcional para medição da pressão arterial;
– Proporção de pessoas com hipertensão com controle adequado da pressão arterial.
Diabetes mellitus:
– Disponibilidade de medicamentos essenciais para diabetes;
– Disponibilidade de testes de glicemia;
– Disponibilidade de testes de hemoglobina A1c (hemoglobina glicada);
– Proporção de pessoas com diabetes com controle glicêmico adequado.
Condições respiratórias crônicas – asma e DPOC:
– Disponibilidade de medicamentos essenciais para asma;
– Disponibilidade de medicamentos essenciais para DPOC;
– Proporção de pessoas com asma com controle clínico;
– Proporção de pessoas com DPOC com controle clínico.
Câncer de mama:
– Avaliação clínica de mama para mulheres de 30 a 49 anos com sinais e/ou sintomas;
– Encaminhamento oportuno para diagnóstico entre essas mulheres com achados suspeitos.
Câncer do colo do útero:
– Disponibilidade de teste de HPV;
– Proporção de mulheres de 30 a 49 anos rastreadas em teste de alto desempenho;
– Positividade dos testes entre mulheres rastreadas;
– Encaminhamento oportuno para diagnóstico entre mulheres com achados suspeitos.
Cânceres infantis e gerais:
– Avaliação clínica precoce de crianças com sinais/sintomas de câncer;
– Encaminhamento oportuno dessas crianças para diagnóstico;
– Avaliação clínica precoce de adultos com sinais/sintomas de câncer;
– Encaminhamento oportuno desses adultos para diagnóstico.
Os indicadores centrais têm como principal objetivo garantir um núcleo mínimo de monitoramento aplicável a todos os contextos, servindo como ponto de partida para a organização e qualificação dos serviços de atenção às CCNTs.
Indicadores opcionais: ampliando a compreensão do cuidado
Além dos indicadores centrais, a OMS recomenda outros 59 indicadores opcionais, que aprofundam a análise sobre:
– Complicações evitáveis (como amputações, cegueira e insuficiência renal);
– Rastreamento e seguimento de casos;
– Tratamentos farmacológicos coadjuvantes;
– Tempo entre diagnóstico e início do tratamento;
– Abandono do cuidado, completude de registros e supervisões.
Esses dados adicionais são especialmente úteis em contextos com maior capacidade de registro, informatização e uso de prontuários clínicos estruturados.
O modelo de monitoramento proposto pela OMS foi desenhado para ser incorporado diretamente na rotina dos serviços de saúde. A coleta pode ser feita por meio de sistemas digitais ou formulários impressos, com potencial de integração a plataformas nacionais como o DHIS-2 ou prontuários eletrônicos. O sistema permite análise contínua de dados, melhorando a capacidade de resposta local e nacional às CCNTs.
Além disso, o conjunto de indicadores é modular e atualizável: poderá incorporar futuramente novos grupos de condições, indicadores financeiros e até medidas de desfechos relatadas pelas próprias pessoas que vivem com CCNTs.
A publicação está disponível gratuitamente aqui e representa um passo importante para os países que desejam fortalecer seus sistemas de informação em saúde, com foco em qualidade, equidade e efetividade no enfrentamento das CCNTs.
Fonte: