“Parteiras: uma solução climática vital” : 05/5 – Dia Internacional da Parteira


 

Parteiras são heroínas de milhões de histórias! Como prestadoras de cuidados de saúde culturalmente sensíveis, líderes nas suas comunidades e socorristas em tempos de crise, são corajosas e indispensáveis.

Quando ocorrem catástrofes como acontecimentos climáticos ou conflitos, as parteiras são, na maioria das vezes, as primeiras a responder às mulheres, representando a forma mais eficaz de evitar mortes maternas evitáveis.

A crise climática, em particular, acarreta ameaças específicas para mulheres e meninas – pesquisas mostram que as temperaturas mais altas podem levar a complicações na gravidez e causar ou agravar problemas de saúde materna, incluindo partos prematuros e abortos espontâneos.

Mas as parteiras não são apenas as primeiras a responder à crise climática. Como prestadoras de serviços seguros e ambientalmente sustentáveis, representam também uma solução climática vital para o futuro. Podem, por exemplo, contribuir para a diminuição das emissões climáticas, apoiando a amamentação em vez de fórmulas, que precisam ser embaladas e transportadas.

Globalmente, os serviços de saúde emitem cerca de 5% dos gases de efeito de estufa. Ao oferecer cuidados nas comunidades, as parteiras reduzem a necessidade de idas evitáveis às unidades de saúde, reduzindo assim as emissões de carbono dos serviços de saúde e garantindo ao mesmo tempo a acessibilidade.

Com isso em mente, o tema deste ano: “Parteiras: uma solução climática vital”, constitui-se em uma oportunidade de celebrar as parteiras e a sua resiliência face aos desafios do clima.

Muitos dos países que correm maior risco de sofrer alterações climáticas são também aqueles onde as mulheres e as meninas são mais vulneráveis ​​às mortes maternas evitáveis, ao casamento infantil e à violência baseada no gênero. As catástrofes climáticas podem perturbar o acesso ao planejamento familiar, partos seguros e outros serviços vitais. As parteiras são fundamentais para garantir que os serviços de saúde tenham mais mobilidade e possam chegar urgentemente às mulheres.

No entanto, a escassez global de quase um milhão de parteiras e a falta de compromisso internacional para investir na sua formação, desenvolvimento e apoio limitam o seu alcance e põem em perigo mulheres e meninas que dependem delas para obter cuidados.

Parteiras merecem reconhecimento e respeito. Em vez disso, são forçadas a enfrentar condições de trabalho desafiadoras, baixos salários e falta de oportunidades de carreira – fatores que impulsionam a escassez global. Muitas vezes, esta força de trabalho, majoritariamente feminina, também enfrenta discriminação de gênero e assédio sexual.

O mundo deve investir urgentemente na criação de um ambiente que permita às parteiras realizar o seu importante trabalho, estabelecendo caminhos para uma educação de qualidade, fornecendo os recursos necessários e capacitando-as para agirem como parceiras plenas nos sistemas de saúde em todo o globo.

Ponte entre as comunidades e os centros de saúde tradicionais, elas prestam serviços de saúde materna que são essenciais para reduzir as mortes e tornar o parto mais seguro em áreas remotas e carentes, e em crises humanitárias. Parteiras não só salvam vidas, como também capacitam as mulheres e os casais a fazerem escolhas informadas e saudáveis.

Dados divulgados pela Organização Mundial de Saúde (OMS), por meio do relatório “Situação Mundial da Obstetrícia 2021” (em inglês), sugerem que se “as intervenções das parteiras alcançassem uma cobertura de 95% no mundo, seria possível evitar 67% dos óbitos maternos, 65% dos natimortos e 64% dos óbitos neonatais”. A OMS alertou ainda que existe uma carência global de 900 mil parteiras – formá-las e capacitá-las é uma forma inteligente, econômica e sustentável de nos aproximarmos do acesso universal aos serviços de saúde sexual e reprodutiva – meta essencial da Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável.

“Num mundo onde a cada dois minutos uma mulher ou menina morre durante a gravidez, o parto ou por suas consequências – como atestam os nossos dados mais recentes – a parteira é sempre a heroína da história”, disse a Diretora Executiva do UNFPA, Dra. Natalia Kanem.

 

No Brasil, em comunidades quilombolas, indígenas, ribeirinhas e localidades isoladas, onde, muitas vezes, o acesso aos serviços públicos é limitado, os profissionais de saúde contam com um importante reforço para o cuidado da mulher e da criança: as parteiras tradicionais, cuja atuação fortalece a rede de autocuidado comunitário e que auxilia na redução da mortalidade. Um conhecimento tradicional que, atualmente, ganha novos contornos com o estímulo ao parto humanizado.

A atual gestão do Ministério da Saúde (MS) reinstituiu a Rede Cegonha, estratégia reconhecida internacionalmente por garantir atendimento de qualidade, seguro e humanizado para todas as mulheres no Sistema Único de Saúde (SUS).

Saiba mais sobre a atividade das parteiras com o Livro da parteira tradicional, publicado pelo MS!

 

Fontes:

Agência Brasil
Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA)
International Confederation of Midwives
Ministério da Saúde
Portal da Inovação na Gestão do SUS – APS Redes

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