“Prevenir, Controlar, Cuidar: o papel de todos na doença de Chagas” : 14/4 – Dia Mundial da Doença de Chagas 2025


 

O Dia Mundial da Doença de Chagas, comemorado em 14 de abril, marca o dia em que a primeira paciente foi diagnosticada pelo médico Carlos Chagas, em 1909, em Minas Gerais, Brasil. A data foi estabelecida pela Organização Mundial da Saúde em 2019 e celebrada pela primeira vez em 2020.

O tema de 2025: “Prevenir, Controlar, Cuidar: o papel de todos na doença de Chagas” convida a refletir sobre o papel que todos podem desempenhar na eliminação da doença e aumentar a conscientização pública sobre ela, bem como garantir maior financiamento e apoio para o diagnóstico precoce e iniciativas de acompanhamento abrangentes ao longo da vida das pessoas acometidas.

Historicamente, a doença de Chagas afetou principalmente comunidades rurais, onde fatores socioambientais e culturais perpetuaram sua presença. Atualmente, é prevalente entre populações pobres da América Latina continental, mas cada vez mais vem sendo detectada em outros países e continentes, principalmente entre pessoas pobres, sem acesso a cuidados de saúde ou sem voz política.

É frequentemente denominada como uma “doença silenciosa e silenciada”, pois a maioria dos infectados não apresenta sintomas ou apenas sintomas extremamente leves.

Sem tratamento, a doença de Chagas pode levar a alterações cardíacas e digestivas graves e se tornar fatal. A conscientização é essencial para melhorar as taxas de tratamento precoce e cura, juntamente com a interrupção de sua transmissão.

Com 7 milhões de infecções globalmente e taxas de mortalidade significativas, representa uma ameaça substancial à saúde pública. Estima-se que 10.000 pessoas morrem pela doença todos os anos, e mais de 100 milhões de pessoas correm o risco de adquiri-la.

A Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) integrou a doença de Chagas à sua Iniciativa de Eliminação de Doenças, que busca acabar com mais de 30 condições transmissíveis e relacionadas, até 2030, com foco especial em interromper a transmissão de mãe para filho.


Mensagens-chave da campanha
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Aumentar a conscientização: a doença de Chagas, que afeta predominantemente populações empobrecidas na América Latina, está se espalhando cada vez mais pelos continentes;

Unir e agir: a prevenção e o controle eficazes da doença de Chagas exigem profissionais de saúde unidos, bem treinados e atualizados, colaborando estreitamente com as comunidades e a sociedade civil para enfrentar seus complexos desafios biomédicos, sociais e ambientais;

Apoiar pessoas: promover iniciativas para superar barreiras ao acesso à saúde para populações marginalizadas afetadas pela doença, bem como defender sistemas de assistência e apoio abrangentes, melhorará os resultados para todos os indivíduos e famílias afetados;

Abordar o estigma e a discriminação: o estigma isola os acometidos, dificultando o diagnóstico e o tratamento oportunos. Acabar com o estigma, a discriminação ou a negligência é essencial para garantir o cuidado adequado para pessoas com doença de Chagas.

 

A doença de Chagas (ou Tripanossomíase americana) é a infecção causada pelo protozoário Trypanosoma cruzi. A contaminação acontece pelas fezes do inseto conhecido como “barbeiro”, também chamado de chupão, procotó ou bicudo, depositadas sobre a pele da pessoa enquanto suga o sangue. O barbeiro é assim chamado por picar principalmente o rosto das pessoas enquanto dormem.

A picada provoca coceira, facilitando a entrada do tripanossomo no organismo, o que também pode ocorrer pela mucosa dos olhos, do nariz e da boca ou por feridas e cortes recentes na pele. Outras formas de transmissão podem ocorrer por transfusão de sangue, da mãe para filho durante a gravidez ou o parto e pela ingestão de alimentos contaminados.

A doença apresenta uma fase aguda, que pode ou não ter sintomas, podendo evoluir para as formas crônicas caso não seja tratada precocemente com medicamento específico.

Superada a fase aguda, aproximadamente 60% dos infectados evoluirão para uma forma indeterminada, sem nenhuma manifestação clínica da doença e com exames complementares sem alterações. Os demais, desenvolverão formas clínicas crônicas, divididas em três tipos, de acordo com as complicações apresentadas: cardíaca, digestiva ou mista, ou seja, com complicações cardíacas e digestivas.

 

Possíveis sintomas:

Na fase aguda, os principais sintomas são febre por mais de sete dias, dor de cabeça, fraqueza intensa e inchaço no rosto e nas pernas.

Na fase crônica, a maioria dos casos não apresenta sintomas, mas algumas pessoas apresentam: problemas cardíacos, como insuficiência cardíaca; problemas digestivos, como megacolon (dilatação e alongamento do intestino grosso) e megaesôfago (aumento do esôfago, provocando disfunção da sua musculatura).

 

Tratamento:

A detecção precoce é fundamental, pois a doença de Chagas é curável quando o tratamento é fornecido logo após a infecção. Se isso não acontecer devido ao diagnóstico tardio, a infecção pode se transformar em uma condição de risco de morte. Nesse caso, cuidados adequados ao longo da vida são essenciais.

A detecção, o tratamento e o monitoramento da doença podem ser realizados no nível de atenção primária à saúde na maioria dos casos, devendo ser indicados e acompanhados por um médico após a confirmação da doença. Os medicamentos são disponibilizados pelo Sistema Único de Saúde (SUS) gratuitamente.

 

Prevenção:

A prevenção está relacionada ao modo de transmissão. Uma das principais formas de controle é evitar que o inseto “barbeiro” forme colônias dentro das residências, por meio da aplicação de inseticidas residuais, feita por equipe técnica habilitada. Também podem ser usados mosquiteiros ou telas metálicas. Recomenda-se medidas de proteção individual, como repelentes e roupas de mangas longas, durante a realização de atividades noturnas em áreas de mata.

Para prevenir a transmissão oral, devem ser intensificadas as ações de vigilância sanitária e inspeção em todas as etapas da cadeia de produção de alimentos suscetíveis à contaminação. Atenção especial deve ser dada ao local de manipulação de alimentos. Por isso, a importância de serem realizadas ações de capacitação para manipuladores de alimentos e de profissionais de informação, educação e comunicação.

 

Fontes:

Ministério da Saúde
Observatório História & Saúde / Fiocruz
Organização Mundial da Saúde (OMS)
Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS)

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