“Quebre o Preconceito e Apoie as Famílias” : 02/6 – Dia Mundial de Ação contra os Transtornos Alimentares 2025


 

O Dia Mundial de Conscientização dos Transtornos Alimentares, comemorado anualmente em 2 de junho, foi criado pela Academy for Eating Disorders em 2015.

Liderado por ativistas, voluntários e mais de 200 organizações em 45 países ao redor do mundo, a campanha se traduz em esforço coletivo para causar impacto positivo na conscientização e no apoio a indivíduos afetados por transtornos alimentares.

Com o tema “Transtornos Alimentares: Quebre o Preconceito e Apoie as Famílias” o movimento pretende, em 2025, chamar a atenção para a necessidade crítica de que famílias/cuidadores e profissionais de saúde intervenham PRECOCEMENTE para que os indivíduos afetados tenham melhores chances de recuperação completa. Aos governos dos países e aos formuladores de políticas e programas, a mensagem é AGIR AGORA para garantir o acesso a tratamentos de qualidade, acessíveis e baseados em evidências.

 

Mensagens-chave:

– Defender a intervenção precoce e o tratamento baseado em evidências.

– Reconhecer pais/famílias como atores-chave no tratamento e na recuperação de seus filhos/entes queridos.

– Apelar por maior diversidade em pesquisas, narrativas, mídia e profissionais que trabalham na área, de modo a dar visibilidade para as comunidades marginalizadas e regiões globais sub-representadas.

– Abordar a falta de acesso a cuidados acessíveis, culturalmente competentes, representativos e abrangentes entre populações carentes.

– Promover a ideia de que os transtornos alimentares são tratáveis ​​em todas as idades/estágios.

 

Para aumentar a compreensão dos transtornos alimentares, promover pesquisas e melhorar os modelos e o acesso ao tratamento, foram formuladas “9 verdades” que servem como uma importante declaração de princípios e pontos em comum, a saber:

Verdade nº 1: Muitas pessoas com transtornos alimentares parecem saudáveis, mas podem estar extremamente doentes.

Verdade nº 2: As famílias não têm culpa e podem ser as melhores aliadas dos pacientes e profissionais de saúde no tratamento.

Verdade nº 3: Um diagnóstico de transtorno alimentar é uma crise de saúde que interrompe o funcionamento pessoal e familiar.

Verdade nº 4: Transtornos alimentares não são escolhas, mas doenças graves de influência biológica.

Verdade nº 5: Transtornos alimentares afetam pessoas de todos os gêneros, idades, raças, etnias, formas e pesos corporais, orientações sexuais e níveis socioeconômicos.

Verdade nº 6: Transtornos alimentares representam um risco aumentado de suicídio e complicações médicas.

Verdade nº 7: Genes e ambiente desempenham papéis importantes no desenvolvimento de transtornos alimentares.

Verdade nº 8: Genes por si só não predizem quem desenvolverá transtornos alimentares.

Verdade nº 9: A recuperação completa de um transtorno alimentar é possível. Detecção e intervenção precoces são importantes.

 

Os transtornos alimentares podem atingir qualquer indivíduo, em qualquer fase da vida. Diferentemente do que se pensa, não são escolhas ou estilos de vida – caracterizam-se por hábitos alimentares bastante irregulares, que trazem prejuízos à saúde e podem levar à morte.

Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 70 milhões de pessoas sofrem com distúrbios alimentares em todo o mundo.

No território nacional, os dados também são alarmantes: quase 5% da população brasileira, ou seja, 11 milhões de pessoas apresentam algum tipo de transtorno alimentar.

 

A questão foi levantada em audiência pública realizada em 5/9/2024, na Comissão de Assuntos Sociais (CAS) do Senado Federal, onde foram debatidas medidas de prevenção e de tratamento dessas condições.

A pouca informação sobre a assistência disponível, o reduzido número de unidades públicas especializadas e leitos correlatos e a falta de profissionais preparados para esse atendimento são empecilhos no combate aos comportamentos alimentares anormais que afloram em todo o país, inclusive atingindo considerável parcela infanto-juvenil.

O Brasil tem hoje apenas 15 centros públicos para atendimento de transtorno alimentar e apenas uma enfermaria especializada em toda a América Latina, localizada no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HCFMUSP), onde há imensa fila de espera para dez leitos destinados a atender brasileiros e estrangeiros.

 

Os transtornos alimentares mais comuns são a bulimia nervosa, a anorexia nervosa e o transtorno de compulsão alimentar.

 

Bulimia nervosa:

Caracteriza-se por episódios recorrentes de ingestão de grandes porções de alimentos em um intervalo de tempo muito curto, deixando a pessoa com a sensação típica da compulsão alimentar, ou seja, sentindo que perdeu o controle para comer, associando-se a isso comportamentos inadequados, na sequência, para tentar evitar o ganho de peso.

A autoindução de vômito para “compensar” o episódio de compulsão é a prática mais frequente e, talvez, a mais conhecida delas. No entanto, a bulimia nervosa também pode envolver longos períodos de jejum; atividade física extenuante; uso de supostas medicações para emagrecer, bem como de laxantes e diuréticos sem prescrição médica.

 

Anorexia nervosa:

Caracteriza-se pela restrição alimentar que, inicialmente, surge como uma dieta comum e, com o passar do tempo se intensifica, levando a grande perda de peso. O jejum recorrente também faz parte das características apresentadas pelo transtorno. Muitos quadros de anorexia provocam desnutrição.

Sinais de anorexia:

Realização de dietas que se tornam cada vez mais restritivas; observação constante das embalagens de produtos e contagem de valor calórico; isolamento para não se alimentar junto da família; pesar-se e medir o corpo com frequência.

 

Compulsão alimentar:

Caracteriza-se por episódios frequentes de consumo descontrolado de alimentos, acompanhados de sofrimento marcante, muita culpa e vergonha. Diferentemente do que ocorre na bulimia, o indivíduo não tem comportamentos compensatórios, sendo comum o aumento considerável de peso que pode levar à obesidade.

 

Tratamento:

Transtornos alimentares são condições psiquiátricas que requerem cuidados multiprofissionais. O tratamento é caro, exige uma equipe multidisciplinar bem formada para o atendimento, é longo, podendo transcorrer por uma vida inteira.

 

Prevenção:

A prevenção dos transtornos alimentares se dá pelo estímulo a uma alimentação saudável e adequada, livre da cultura da dieta e da culpa; um estilo de vida ativo, sem foco exclusivo no peso e que incentive a construção de uma imagem corporal positiva.

 

Fontes:

Agência Brasil
Agência Senado
Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e Síndrome Metabólica (Abeso)
CARDOSO, D.; ALMEIDA, M.C. de. Transtornos alimentares: quando a relação com a comida se torna prejudicial / Associação Brasileira de Psiquiatria, 2024
Hospital Israelita Albert Einstein / Blog Vida Saudável
Ministério da Saúde
World Eating Disorders Day

Outras Notícias

Ver todas