“Uma preocupação a menos” : 04/3 – Dia Internacional de Conscientização sobre o Papilomavírus Humano (HPV)
A Campanha Internacional de Conscientização sobre o HPV teve início em 2018 como iniciativa da International Papillomavirus Society, principal autoridade mundial em HPV, com o objetivo de aumentar a conscientização e a educação sobre o HPV e a prevenção do câncer a ele relacionado.
O tema “Uma preocupação a menos” pretende mostrar que ao compartilhar informações as pessoas se capacitam a adotar medidas para proteger sua saúde. Ao incentivar conversas sobre o HPV pode-se reduzir o estigma que atua como barreira e aumentar os riscos para todos. Ao comunicar-se com clareza é possível eliminar o HPV e ter uma preocupação a menos para o mundo!
O papilomavírus humano (HPV) afeta diretamente 4 em cada 5 pessoas. Embora a maioria nunca apresente sintomas, o vírus pode causar seis formas conhecidas de câncer que afetam mulheres e homens, e ceifa quase meio milhão de vidas em todo o mundo a cada ano. São vidas de pessoas de todas as origens, nacionalidades, raças e gêneros que poderiam ser salvas.
No Brasil, cerca de 10 milhões de pessoas estão infectadas pelo papilomavírus humano e a estimativa é de que a cada ano no país surjam 700 mil casos novos.
O câncer relacionado ao HPV é prevenível e as ferramentas estão à disposição: A vacina contra o HPV provou ser altamente eficaz na prevenção do câncer a ele relacionado; o exame do colo do útero detecta cânceres e pré-cânceres cervicais, possibilitando um tratamento eficaz. No entanto, enfrentam-se barreiras para divulgar as informações necessárias e obter acesso universal a programas de vacinação e ao exame do colo do útero a preços acessíveis.
Embora o câncer cervical seja um dos tipos mais evitáveis ele ainda mata mais de 300.000 mulheres por ano em todo o mundo, sendo o quarto tipo de câncer mais comum em mulheres atualmente, com cerca de 90% das mortes ocorrendo em países de baixa e média renda.
Segundo o Instituto Nacional de Câncer (Inca), este é o terceiro tumor mais incidente entre as mulheres no Brasil.
Transmissão:
O vírus se instala na pele e em mucosas, tendo como principal forma de transmissão a relação sexual. Mais raramente, pode haver contágio pelo contato com as mãos, objetos ou roupas de uso pessoal contaminados; da mãe para filho, durante o parto; através da saliva; de autoinfecção e de infecção por perfuração ou corte com objetos contaminados.
A infecção pelo vírus atinge mulheres, homens e crianças de ambos os sexos, que, ao contraí-lo, podem desenvolver diversas doenças, como verrugas, além de tumores do colo do útero, vagina, ânus, boca e garganta, vulva e pênis.
Sintomas:
As primeiras manifestações da infecção pelo HPV surgem, aproximadamente, entre 2 a 8 meses, mas pode demorar até 20 anos para aparecer algum sinal da infecção.
As manifestações costumam ser mais comuns em gestantes e em pessoas com imunidade baixa. O diagnóstico do HPV é atualmente realizado por meio de exames clínicos e laboratoriais, dependendo do tipo de lesão, se clínica ou subclínica.
– Lesões clínicas: se apresentam como verrugas na região genital e no ânus (denominadas tecnicamente de condilomas acuminados e popularmente conhecidas como “crista de galo”, “figueira” ou “cavalo de crista”). Podem ser únicas ou múltiplas, de tamanhos variáveis, achatadas ou papulosas (elevadas e sólidas). Em geral, são assintomáticas, mas podem causar coceira no local. Essas verrugas, geralmente, são causadas por tipos de HPV não cancerígenos.
– Lesões subclínicas: são as não visíveis ao olho nu. Podem ser encontradas nos mesmos locais das lesões clínicas e não apresentam sinal/sintoma. As lesões subclínicas podem ser causadas por tipos de HPV de baixo e de alto risco para desenvolver câncer.
As lesões podem acometer vulva, vagina, colo do útero, região perianal, ânus, pênis (geralmente na glande), bolsa escrotal e/ou região pubiana. Menos frequentemente, podem estar presentes em áreas extragenitais, como conjuntivas, mucosa nasal, oral e laríngea.
Mais raramente, crianças que foram infectadas no momento do parto podem desenvolver lesões verrucosas nas cordas vocais e laringe (Papilomatose Respiratória Recorrente).
Tratamento:
O HPV pode ser eliminado espontaneamente, sem que a pessoa sequer saiba que esteve infectada. Uma vez feito o diagnóstico, porém, é necessário tratamento, que pode ser clínico (com medicamentos) ou cirúrgico: cauterização química, eletrocauterização, crioterapia, laser ou cirurgia convencional em casos de câncer instalado.
Prevenção:
Entre as formas de prevenção, além do uso de preservativo nas relações sexuais, que também ajuda a prevenir outras Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs), a vacinação e a realização de exames preventivos regularmente são fundamentais.
O Papanicolau é o exame ginecológico preventivo mais comum para identificar lesões precursoras do câncer do colo do útero. Esse exame ajuda a detectar células anormais no revestimento do colo do útero, que podem ser tratadas antes de se tornarem câncer. O exame não é capaz de diagnosticar a presença do vírus, no entanto, é considerado o melhor método para detectar câncer de colo do útero e suas lesões precursoras.
Quando as alterações que antecedem o câncer são identificadas e tratadas, é possível prevenir 100% dos casos, por isso é muito importante que as mulheres façam o exame de Papanicolau regularmente.
Vacinação:
O HPV tem cerca de 13 tipos responsáveis pelo câncer de colo do útero. A vacina ofertada pelo Sistema Único de Saúde (SUS) protege contra os quatro tipos de vírus mais comuns no país (6, 11, 16 e 18), e é indicada para:
– Meninas e meninos de 9 a 14 anos, com esquema de dose única;
– Mulheres e homens que vivem com HIV, transplantados de órgãos sólidos, de medula óssea ou pacientes oncológicos na faixa etária de 9 a 45 anos, com esquema de três doses independentemente da idade, aplicadas aos 0 – 2 – 6 meses (segunda dose dois meses após a primeira e terceira 6 meses após a primeira dose);
– Vítimas de abuso sexual, imunocompetentes, de 15 a 45 anos (homens e mulheres) que não tenham tomado a vacina HPV ou estejam com esquema incompleto, com esquema de 2 doses para as pessoas de 9 a 14 anos e 3 doses para as pessoas de 15 a 45 anos;
– Usuários de Profilaxia Pré-Exposição (PrEP) de HIV, com idade de 15 a 45 anos, que não tenham tomado a vacina HPV ou estejam com esquema incompleto (de acordo com esquema preconizado para idade ou situação especial), com esquema de 3 doses.
– Pacientes portadores de Papilomatose Respiratória Recorrente/PRR a partir de 2 anos de idade.
Acesse aqui o esquema vacinal do HPV preconizado pelo MS.
Fontes:
Agência Brasil
Dr. Dráuzio Varella
International Papillomavirus Society
Ministério da Saúde