“Unidos por um Mundo Livre de Glaucoma” : 9 a 15/3 – Semana Mundial do Glaucoma


 

A Semana Mundial do Glaucoma é uma iniciativa global organizada pela World Glaucoma Association. O tema deste ano, “Unidos por um Mundo Livre de Glaucoma”, tem como foco reunir comunidades no mundo todo para lutar juntas contra a cegueira causada pela doença.

Pacientes, profissionais e autoridades de saúde, bem como o público em geral, são convidados a unir forças por meio de atividades de conscientização.

O glaucoma é a principal causa de cegueira prevenível e desafios distintos podem estar presentes em diferentes regiões do mundo. O objetivo da campanha anual é alertar a todos para que façam exames dos olhos e do nervo óptico regularmente para detectar o glaucoma o mais cedo possível, pois há tratamentos disponíveis para todas as suas formas, e prevenir a perda visual.

Cerca de 4% da população mundial adulta é deficiente visual e 1% é cega. Nesse universo, 25% dos cegos tiveram a cegueira provocada pelo glaucoma.

 

Glaucoma é uma doença crônica que atinge o nervo óptico, estrutura responsável por conectar o que o olho vê e o cérebro, formando a visão.

Quando a pressão intraocular permanece suficientemente elevada, o nervo óptico sofre lesões irrecuperáveis. Assim, o glaucoma não tratado corretamente pode levar à perda permanente da visão. É um processo lento que progride durante anos, até que surjam os primeiros sintomas.

A maioria dos casos ocorre por predisposição genética, ou seja, a causa não é algo que o paciente tenha ou não feito.

Algumas formas de glaucoma são chamadas de secundárias e ocorrem devido a traumas oculares, algumas doenças (artrite reumatoide e diabetes, por exemplo) e/ou uso de algumas medicações (como corticoides).

O tipo mais comum é o glaucoma primário, que tende a surgir durante o processo de envelhecimento do corpo humano, especialmente a partir dos 40 anos de idade. Há estudos que apontam uma prevalência de 10% na população com mais de 80 anos.

Um dos principais fatores de risco associado ao desenvolvimento do glaucoma é o histórico da doença na família, mas, há outros fatores, como: etnia africana (para glaucoma de ângulo aberto) ou asiática (glaucoma de ângulo fechado), idade acima de 40 anos e presença de miopia em grau elevado.


Tipos de glaucoma:

Glaucoma primário de ângulo aberto: Este é o tipo mais comum. Um problema no sistema de drenagem interno do olho faz com que a pressão intraocular fique alta, com a consequente lesão do nervo óptico. Evoluem, geralmente, de maneira lenta e progressiva, e os pacientes normalmente não percebem nada de errado com a visão.

Glaucoma de ângulo fechado: Este é o segundo tipo mais comum, em que ocorre uma obstrução da abertura do sistema de drenagem do olho. Esta obstrução pode ocorrer de maneira rápida e extensa, resultando num aumento súbito da pressão intraocular, dor forte, enjoo e visão turva. Esta situação mais grave é chamada de glaucoma agudo, mas felizmente representa uma pequena parte dos casos de glaucoma de ângulo fechado. A maioria evolui de maneira mais lenta e sem sintomas.

Glaucoma congênito: Este tipo afeta bebês e crianças pequenas e é resultado de um erro na formação do sistema de drenagem do olho, causando o aumento da pressão intraocular logo ao nascimento ou nos primeiros meses de vida. Os sinais de alerta são um olho grande e sem brilho, lacrimejamento, grande sensibilidade à luz, que faz com que a criança fique com as pálpebras bem fechadas em ambientes muito iluminados.

Glaucoma secundário: Quando o glaucoma ocorre por algum outro fator que leva ao aumento da pressão intraocular, como trauma, uso de medicação a base de corticoide, tumores, inflamações, hipertensão arterial e diabetes.


Sintomas:

Embora tenha diferentes tipos e manifestações, na maior parte dos casos o glaucoma é assintomático: não dói, não coça, não arde, não causa qualquer incômodo. Ainda assim, continua danificando o nervo óptico e somente quando a doença está avançada, o paciente começa a perceber dificuldade de enxergar.


Tratamento
:

O tratamento do glaucoma, comprovadamente eficaz, consiste na redução dos níveis de pressão intraocular, que pode ser obtido por meio de:

Colírios: são utilizados uma ou duas vezes por dia, sendo que, às vezes, mais de um colírio pode ser necessário para controlar a pressão intraocular. Assim, eles devem ser aplicados de maneira correta e utilizados regularmente, todos os dias. O glaucoma é uma doença crônica que, infelizmente, não tem cura, mas há controle.

Laser: existem diversos tipos de laser para o tratamento do glaucoma, sendo que a trabeculoplastia seletiva a laser é um procedimento que pode reduzir a pressão intraocular por algum tempo e com raras complicações.

Cirurgias: existem diversas técnicas cirúrgicas para reduzir a pressão intraocular e controlar o glaucoma. As técnicas tradicionais e bem conhecidas são a trabeculectomia e o implante de tubo de drenagem. Várias técnicas novas estão disponíveis, porém, ainda carecem de bons níveis de evidência sobre indicação, eficácia e segurança a médio e longo prazos.

 

É importante ressaltar que pacientes submetidos a tratamentos a laser ou cirúrgicos ainda precisam de acompanhamento frequente com o oftalmologista, pois esses procedimentos podem ser insuficientes ou perder o efeito com o tempo.

Cada caso deve ser avaliado individualmente pelo médico oftalmologista, para que se possa definir a abordagem de tratamento mais adequada.

Destaca-se, ainda, que o tratamento consegue manter a visão do paciente, mas os danos já causados ao nervo não podem ser revertidos. Por isso, identificar a doença ainda nos estágios iniciais é muito importante.


Diagnóstico precoce e prevenção:

Quanto antes for diagnosticado o glaucoma, menores as chances de problemas na visão. O tratamento, geralmente, é mais simples e o controle mais fácil nas fases iniciais da doença.

Como evolui de forma assintomática, as visitas regulares ao oftalmologista são fundamentais, especialmente para pessoas que fazem parte do grupo de risco.

 

Fontes:

Dr. Dráuzio Varella
Jornal da USP
Sociedade Brasileira de Glaucoma
World Glaucoma Association

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