“Vamos juntos tornar o Lúpus visível!” : 10/5 – Dia Mundial do Lúpus 2025
O Dia Mundial do Lúpus foi comemorado pela primeira vez em 2004 e diversos eventos especiais foram realizados para destacar sua importância e demonstrar preocupação com as necessidades das cerca de cinco milhões de pessoas afetadas pela condição em todo o mundo.
Com o tema “Vamos juntos tornar o lúpus visível!” em 2025 a 22ª campanha se concentra na necessidade de maior conscientização pública, melhores serviços de saúde para pacientes, aumento da pesquisa sobre as causas e tratamentos, diagnóstico médico aprimorado e melhoria dos dados epidemiológicos sobre o problema, globalmente.
Mais do que o indivíduo acometido, a doença também impacta sua família, amigos e colegas de trabalho. Ainda assim, é sub-reconhecido como um problema de saúde global pelo público, profissionais de saúde e governos, impulsionando a necessidade de maior esclarecimento.
Reconhecer, diagnosticar e tratar precocemente ajuda a retardar os efeitos debilitantes do lúpus. No entanto, costuma ser difícil diagnosticá-lo porque os sintomas frequentemente imitam doenças comuns. Aumentar o entendimento salvará vidas!
O Lúpus Eritematoso Sistêmico (LES ou apenas lúpus) é uma doença inflamatória crônica de origem autoimune – o sistema imunológico do próprio indivíduo não consegue diferenciar os agentes nocivos (vírus, bactérias, germes) dos tecidos saudáveis do corpo, criando autoanticorpos que atacam e destroem o tecido saudável. Esses autoanticorpos causam inflamação e dor e podem danificar praticamente qualquer parte do corpo, incluindo pele, coração, pulmões, rins e cérebro.
A doença pode ocorrer em pessoas de qualquer idade e etnia, porém é prevalente em mulheres, principalmente, na faixa etária entre 20 e 45 anos. A Sociedade Brasileira de Reumatologia (SBR) estima que existam cerca de 150 mil a 300 mil pessoas com lúpus no Brasil.
Embora a causa não seja conhecida e a doença seja considerada multifatorial, sabe-se que fatores genéticos, hormonais e ambientais contribuem para o seu desenvolvimento.
São reconhecidos dois tipos principais de lúpus: o cutâneo, que se manifesta apenas com manchas na pele (geralmente avermelhadas ou eritematosas), principalmente nas áreas que ficam expostas à luz solar (rosto, orelhas, colo (“V” do decote) e nos braços) e o sistêmico, no qual um ou mais órgãos internos são acometidos.
Sintomas:
Os sintomas do lúpus podem surgir de repente ou se desenvolver lentamente, podendo ser moderados ou graves, temporários ou permanentes. A maioria dos pacientes apresenta sintomas moderados, que surgem esporadicamente, em crises, nas quais se agravam por um tempo e depois desaparecem. Os sintomas podem também variar de acordo com as partes do corpo afetadas. Os sinais mais comuns são:
– Fadiga.
– Febre.
– Dor nas articulações.
– Rigidez muscular e inchaços.
– Vermelhidão na face em forma de “borboleta” sobre as bochechas e a ponta do nariz afeta cerca de metade das pessoas com lúpus. Piora com a luz do sol e também pode ser generalizado.
– Lesões na pele que surgem ou pioram quando expostas ao sol.
– Dificuldade para respirar.
– Dor no peito ao inspirar profundamente.
– Sensibilidade à luz do sol.
– Dor de cabeça, confusão mental e perda de memória.
– Linfonodos aumentados.
– Queda de cabelo.
– Feridas na boca.
– Desconforto geral, ansiedade, mal-estar.
Outros sintomas mais específicos dependem da parte do corpo afetada:
– Cérebro e sistema nervoso: cefaleia, dormência, formigamento, convulsões, problemas de visão, alterações de personalidade, psicose lúpica.
– Trato digestivo: dor abdominal, náuseas e vômito.
– Coração: ritmo cardíaco anormal (arritmia).
– Pulmão: tosse com sangue e dificuldade para respirar.
– Pele: coloração irregular da pele, dedos que mudam de cor com o frio (fenômeno de Raynaud).
– Alguns pacientes têm apenas sintomas de pele.
Complicações:
Se a doença não for tratada corretamente podem ocorrer complicações graves a diversos órgãos e tecidos do corpo podendo provocar, inclusive, a morte.
As principais complicações costumam acometer os seguintes órgãos:
– Rins: a falência dos rins está entre as principais causas de morte por complicações de lúpus nos primeiros cinco anos do diagnóstico da doença.
Alguns sintomas são comuns nessa fase: irritação, coceira generalizada, dores no peito, falta de ar, náuseas, vômito e edemas.
– Cérebro: se a doença tiver chegado ao cérebro, a pessoa pode apresentar alguns sintomas específicos, como dor de cabeça, confusão, tontura, mudanças de comportamento, alucinações, derrames cerebrais (AVC) e convulsões.
– Sangue: anemia, aumento no risco de sangramentos e inflamação dos vasos (vasculite) estão entre as principais complicações possíveis decorrentes de lúpus. Em alguns casos, é preciso receber sangue durante o tratamento.
– Pulmões: a doença pode levar à pleurisia, que é uma inflamação dos tecidos que revestem os pulmões e a caixa torácica, o que pode provocar muita dor durante a respiração.
– Coração: pode ocorrer também, em alguns casos, a inflamação dos músculos do coração e artérias, aumentando significativamente as chances de um infarto.
Além dessas complicações, o lúpus pode acarretar outros problemas de saúde ou agravar os já existentes, como, por exemplo:
– Infecção: tanto a doença quanto o tratamento atacam o sistema imunológico da pessoa, abrindo espaço para entrada de infecções. As mais comuns são no trato urinário e respiratório.
– Câncer: o lúpus também pode provocar o surgimento de tumores ou agravar os que já existam.
– Necrose avascular: ocorre a morte das células que revestem os ossos, causando pequenas fraturas e o rompimento de muitas articulações, em especial as do quadril.
– Complicações na gravidez: as mulheres que sofrem de lúpus e engravidam geralmente são capazes de manter a gravidez e dar à luz um bebê saudável, desde que não sofram de doença renal ou cardíaca grave e que o lúpus esteja sendo tratado adequadamente. No entanto, as chances de perda na gravidez aumentam consideravelmente.
Tratamento:
Atualmente, não há cura para o LES, mas existem tratamentos disponíveis que visam controlar os sintomas, prevenir sua progressão e melhorar a qualidade de vida dos pacientes.
O Sistema Único de Saúde (SUS) oferece acompanhamento e tratamento corretos, de forma integral e gratuita.
Além do uso de medicamentos, seu manejo inclui o controle de fatores desencadeantes, como exposição ao sol, gerenciamento do estresse e manutenção de um estilo de vida saudável. O acompanhamento médico regular é essencial para ajustar o tratamento conforme necessário e monitorar a progressão da doença.
Prevenção:
Não existem métodos conhecidos para prevenir lúpus. No entanto, os pacientes devem adotar certas medidas para reduzir os gatilhos da doença, como evitar exposição prolongada ao sol e outras fontes de radiação ultravioleta, tratar infecções, evitar o uso de estrógenos e outras drogas. É preciso também considerar evitar a gravidez durante períodos ativos da doença e minimizar o estresse sempre que possível.
Fontes:
Ministério da Saúde
Secretaria de Saúde do Distrito Federal
Sociedade Brasileira de Reumatologia
Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios (TJDFT)
World Lupus Federation